Alguns até poderiam dizer que “se o governo não ajuda, todo mundo reclama; e se o governo ajuda, todo mundo reclama também”. Mas, destinar mais de 8,5 milhões de reais para uma única banda, é válido…?
Recentemente, veio através do jornal O Globo a notícia de que cerca de R$8.644.140,00 do Ministério da Cultura seriam destinados às festividades de 30 anos de carreira da banda Barão Vermelho. Serão oito meses de shows, exposição de fotos, um livro e a criação de um site interativo.
Não é a primeira vez que uma banda, artista ou grupo recebe algum apoio governamental para fazer suas apresentações, mas os números têm ficado cada vez maiores, para retornos duvidosos. Por exemplo, a quantia poderia ser usada para reformar ou iniciar as obras de escolas e centros culturais, que poderiam servir de espaço para os shows e exposições – e todas as outras bandas que quisessem eventos parecidos no futuro.
Nesse primeiro semestre, a dupla sertaneja Jorge & Mateus conseguiu um patrocínio de mais de quatro milhões do governo, e o sambista Martinho da Vila, mais de R$1,1 milhão. Em outros anos e projetos, artistas como Gilberto Gil, Mallu Magalhães e Maria Bethânia também tiveram esse apoio.
Realmente, falta apoio às artes? Música, dança, teatro? Sim, e as leis de incentivo à cultura realmente ajudam alguns projetos e artistas. A questão é se determinadas quantias são adequadas, já que, pelo menos para quem ‘passa o olho rápido’ pela notícia, oito milhões parece ser um valor bem alto. Até que ponto a produção do próprio músico não poderia investir também, e equilibrar os gastos?
E, o mais importante. As bandas e artistas citados na matéria são bastante conhecidos, alguns até internacionalmente. Quando um artista desses marca um show, coloca na página do facebook e mais de mil pessoas estão sabendo. E aquela companhia de teatro independente, da periferia da sua ciadade? E a banda que conseguiu espaço em um festival, mas o festival não foi divulgado?
Será melhor quando a resposta para algumas dessas questões for mais clara. Quando a gente puder saber no que o dinheiro que pagamos de impostos foi realmente gasto. E saber que ‘investimento em cultura’ também significa divulgar os eventos governamentais – coisa que, raramente, acontece para as minorias. Há um tempo atrás, nem o artista famoso conseguia o incentivo, então estamos no caminho. Só falta, agora, saber equilibrar as coisas. Um dia, chegaremos lá.
FONTE: Blog Pop
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