sexta-feira, 6 de março de 2015

BELO TEXTO. UMA HOMENAGEM AOS 257 ANOS DE ALTER DO CHÃO COMPLETADOS HOJE DO SEU FILHO PATRICK LOBATO

Alter do Chão comemora hoje 257 anos

“Em alter do chão, não se sente dor! Tem um povo pobre, mas acolhedor. Por Deus foi criado a sua beleza! Suas lindas praias são da natureza....”

Hoje minha vila querida faz 257 anos! Mas o que comemorar nesse dia tão especial para “Alter do Chão”?

Lembro do tempo de menino! Quando brincávamos no lago verde!

Quando éramos somente nós e as canoas! E o som que ouvíamos eram os das faias de catraieiros...De seu João Batista! De seu Vilésio! Sem lanchas! E sem barulho!

Lembro que ouvíamos o bater dos rabos de jaraquis passando no “baixo”,

e o som das tarrafas como se rasgassem tachos! O espetáculo íamos apreciar!

Lembro da infância feliz! E como aprendiz aprendemos a respeitar!

Tão lindas praias verdes montes, que circundam meu torrão! Como os antigos a nos ensinar!

Lembro do Sairé! Na praça da matriz! Dos dias em que eu era mais feliz! Que no cheiro do sairé ia dançar!

Lembro da voz do Sinval Ferreira! Anunciando a desfeiteira!

Da minha vó! Se arrumando pra dançar a pretinha!

E naquela hora se vestia como a mais bela rainha! Que me fazia admirar!

Das poesias de Neca Lobato! Mandando o catraieiro ir buscar! Eh! Ir buscar! Buscar o meu amor que está do lado de lá!

Sentávamos em uma arquibancada simples! Pra ver as danças! Singelas e perfeitas danças! Que em minha mente figuravam! O Saudoso “ Boirari, o boi da vila”, o índio de Dona Ramira, o xote ecológico dos alunos do modular! E o majestoso cruzador tupy a dançar! Chamando o cabo foguista, quem sempre eu queria ser quando fosse a minha vez!

Lembro da turma da taberna! Que quando criança queríamos ser! Mas nunca deixavam agente se envolver!

A turma dos praianos! Com suas historias e dormidas na praia! Faziam felizes as nossas noites ao luar! Quem não se lembra do Nivel! Do escavadeira! Do peito de lancha! Do Timbó! Do cara de óleo! Éramos felizes e não sabíamos!

Lembro da felicidade que era ir a praia! Fazer uma Piracaia! Da simplicidade que era! Ahh que saudade!

Dos puxiruns no cemitério! Nas limpezas da praia! Do povo unido!

Do acordar cedo nos dias 07 de setembro! Para enfeitar a praça! Da correria na escola! Pra arrumar a banda! E as roupas!

Dos puxões de orelha dos mais velhos! Que se fizéssemos besteira tinham autorização dos nossos pais para fazê-lo! De como era bom “tomar benção” e ser abençoado por eles! Que saudade!

Dos velhos que nos deixaram! Seu alipio! Com seu bumbo no espanta cão! Seu chuva! Rufando a sua caixa durante a ladainha, seu tote! Incansável até o fim! Seu genesio! Seu “Ruxinho” que com tanta elegância passava em frente a minha casa aos sábados pela manha! Em direção ao cartório! Meu amigo de infância que era bem mais velho que eu! “Tebão” que orquestrava o plenário todas as noites! Tia Maria Braz! Que por tantas vezes nos aconselhou! Tia Marilda! Incansável na arte de ensinar, lembro como se fosse hoje o cantinho que eu tinha em sua casa para poder tomar meu mingau! Seu Argentino, de tantas tardes ouvindo suas historias na varanda! Tia “Mariinha” a quem eu devo grande parte do que eu sou hoje! Do seu Cecílio, que enfeitava nossas festas juninas com o Boi Torino! Das notas na velha escola de música ensinadas pelo maestro Oscar e seu sax magistral! Do seu Nicanor e a maestria com que cuidava da arte da carpintaria!

De tantas Zineiras que foram e nunca mais voltaram! Mas os seus frutos geraram tantos outros frutos até hoje!

Das aulas de arte na Estrela do Tapajós! Com a Paula! As voltas de barcaça com o Macandal! As Partidas de RPG na casa do Prof Ricardo! Quando faltava energia em meio ao racionamento”

Das tardes de domingo no campinho do Pedro ! das partidas de bola com nossos amigos que lavavam carro na frente da vila! Moises “swim”, o “essi” o Régi” o “ferruginha”, de ver o Piaget “sapinho” ou Patrese agarrando! como carinhosamente chamávamos meu irmão! Ahhh saudade! Das ferroadas de “saúva” no “covão” que ia garantir a merenda da tarde!

Dos sábados no Grupo de Escoteiros Vanguardas do Sol Poente! Que era comandado pelo grandioso Seu Humberto! Que tantas boas ações fizemos!

Dos jovens que se foram! E deixam saudades a cada ano, Nilcivan, Edicley, Renato! Amigos que não veremos mais! Mas estarão pra sempre em nossos corações! Lembro da antiga Dom Macedo! Onde trilhamos nossos primeiros passos no saber! Da Profº Antonio de Sousa Pedroso! Onde vivi os dias mais felizes da minha vida! Como esquecer os mestres que nos ensinaram com tanto amor! Mãe Deca, Tia Nice, Profª Célia, Profª Beth, Profª Luciete, Profª Jocilene, Profª Ana Rita, Profª Aldinelza, Profª Conce, Profª Ermita, Profº Marlisson, Profº Edilberto, Profº Mauro, Profº Ricardo, Profº Josino. Obrigado por tudo!

Lembro das tardes escutando minha Vó Lusia conversando com Dona Teté sobre as coisas da vila! E das lutas por uma vila melhor! Das reuniões do conselho! Quando ia com o Tio Nelson, Laudeco e as lideranças da vila!

Do seu Mingote fazendo contas em seu papel de pão! Sendo mais rápido que qualquer calculadora!

Dos bailes! É dos bailes! Com musica de qualidade! Sem esse negocio de senta, senta! De novinha vai no chão! Com o conjunto Scorpions! Com Celinha nos teclados! Raimundo Noia na guitarra! Ritchie e Luis Alberto no Vocal! Pinguelo no Baixo! E Ninxa!! Ahh o saudoso Ninxa na Bateria! Lembro do meu primo Rogerio que dizia que quando crescesse queria ser a Celinha! Kkk ! tempos bons!

Tempos que íamos pescar, no meretchapina sem medo! Na ponta do Urubu! Na Valeria! No Macaco! Na ilha de Santana! Sem medo e preocupação!

Mas eu me pergunto! Por que escrevi isso?? Nostalgia! Saudade?

Escrevo isso porque nos esquecemos do que a nossa vila tem de mais importante! O seu povo forte! E acolhedor! Esquecemos das pessoas que fizeram parte da historia de Alter do Chão! Preocupamos-nos mais com o que temos hoje! Do que com o que somos hoje! Esquecemos das pessoas, esquecemos de ser aquele povo que ainda pobre! É acolhedor!

Respondendo a pergunta que fiz no começo do texto! O que comemorar! Eu quero festejar o passado! Os momentos felizes que vivemos! Quero festejar o tempo em que dormíamos de janelas abertas! Quero festejar as pessoas antigas de Alter do Chão! Quero festejar a tradição! Quero festejar o legado que essas pessoas deixaram! Do mais quero festejar o que eu ainda espero que meus filhos e netos vejam! E que vivam! Nessas “ lindas praias! Que vejam esses verdes montes!

Essa é a mensagem que deixo! De um filho de Alter Do Chão! Que nunca esqueceu de quem foi! E de onde veio!

Ahh e já ia me esquecendo! Como diz o Hino! “ suas lindas praias, são da natureza....da natureza! Nem de A e nem de B...são da NATUREZA”

Por Patrick Lobato

Um comentário:

  1. Patrick, excelentes suas palavras, aquilo que ouvia numa roda de amigos, pude me transportar para essa época nesse texto. parabéns

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