domingo, 11 de junho de 2017

BELA MATÉRIA DO G1 SANTARÉM, VALE A PENA COMPARTILHAR. "CASAIS HOMOAFETIVOS MOSTRAM QUE O AMOR É CAPAZ DE SUPERAR PRECONCEITOS E TABUS. ELES SUPERARAM CONFLITOS FAMILIARES E A CADA DIA ESTÃO MAIS CERTOS A RESPEITO DAS ESCOLHAS QUE FIZERAM PARA SUAS VIDAS. O AMOR VENCEU".

Eles superaram conflitos familiares e a cada dia estão mais certos a respeito das escolhas que fizeram para suas vidas. O amor venceu.

amor entre casais homoafetivos ainda é alvo de preconceitos e críticas, é um fato. Apesar disso cada vez mais casais surgem, sem medo dos preconceitos, tabus e da boca do povo. Nesse dia dos namorados, o G1 conta as histórias dos casais Leandro Lobato e Romário Guerreiro, Mirianny Aguiar e Kleuma Matos, que superaram conflitos familiares e uma série de obstáculos para viverem suas histórias de amor.

Amor e arte: um casamento perfeito

“Somos artistas reconhecidos e tamanha admiração da sociedade vem desse casamento: arte e amor” (Leandro Lobato, produtor cultural)

Romário e Leandro enfrentaram desafios em 
nome de um grande amor

Quando os produtores culturais Leandro Lobato, 31 anos e Romário Guerreiro, 29 anos, se conheceram há pouco mais de 10 anos, a chama do amor acendeu em seus corações. Mas, o início dessa história não foi nenhum mar de rosas. Não por falta de sintonia ou de afeto entre o casal, mas pela forma como a ruptura de um padrão tradicional se deu na vida de ambos.

Leandro vinha de um relacionamento hetero que teve como fruto um filho. E não pensem que foi fácil para ele mostrar para o mundo que embora tivesse tentado ter uma família tradicional, seu coração batia forte por uma pessoa do mesmo sexo.

“Descobri um novo mundo, do qual eu queria me esconder. Logo, essa convivência com o meu parceiro veio acompanhada de muitas inseguranças e ciúmes. Os ciúmes rolam até hoje, até porque o Romário é uma pessoa bem atraente”, conta.

A maior barra no início do relacionamento do casal foi a não aceitação por parte da família de Leandro. Também tinha a questão dos comentários em função do relacionamento anterior, do tipo: “Ah, ele trocou ela por ele”. Leandro pensava no filho, na família e na sociedade, menos na sua felicidade. Até que mudou de perspectiva, colocou sua vontade e sua felicidade em primeiro plano, e afirma ter feito a aposta certa.

“Hoje o resultado dessa decisão se reflete nas pessoas bem posicionadas que somos. Ainda com muitos sonhos para conquistar, mas está tudo dando certo”, afirma Leandro.

Respeito na sociedade

Romário e Leandro se fizeram respeitar 
pelo trabalho sério e honrado

Para Leandro e Romário, a maior arma do casal para vencer o preconceito na sociedade foi o trabalho. Mesmo com alguns olhares de reprovação, batalharam, conquistaram seu espaço com respeito e hoje são bem aceitos pela sociedade do município de Oriximiná, no oeste do Pará, onde residem e trabalham como produtores culturais.

“Nossa presença em público e nosso companheirismo respondem qualquer dúvida a nosso respeito. Nossa intimidade fica restrita a quatro paredes”.

Leandro revela que o completa o casal é o casamento dos seus projetos de vida, de trabalho. O mundo homo do casal foi praticamente descoberto em conjunto. A atenção e cuidados um com outro são invejáveis. “Somos companheiros para tudo, trabalho, família, casa e amigos”.

Hoje, as famílias convivem bem com o casal que está junto há 10 anos. O casal mora na casa dos pais de Romário, mas Leandro também zela pelo seus pais que moram em outra casa, onde convive com o filho. “Estamos construindo nossa casa própria para organizar melhor o convívio familiar. Não temos problemas com a família, o apoio é total, inclusive da minha ex, que permite a minha participação na criação do nosso filho”, declarou.

Superando medos

“Se fosse preciso enfrentaria mil vezes todos os obstáculos para viver esse grande amor” (Mirianny Aguiar, universitária)

Mirianny e Kleuma procuram ignorar os olhares de reprovação pelo direito de viverem sua felicidade

Para viver sua história de amor, Mirianny Aguiar, 25 anos, estudante de medicina veterinária, e Kleuma Matos, 37 anos, comerciante, não foi nada fácil. Foram muitas lágrimas derramadas, muitas brigas, confusões e preconceito de todos os lados. O tempo passou, os medos foram superados e o amor venceu.

Elas estão juntas há seis anos, mas para chegar até aqui tiveram que enfrentar muito mais que os olhares de reprovação da sociedade. A primeira batalha ocorreu no ambiente familiar.

“Tinha uma prima minha, muito próxima e a gente sempre saía junto e ela sempre com namorado. E a minha mãe sempre perguntava porque eu nunca aparecia de namorado. E eu sempre tentando fugir da situação e sofrendo com meus sentimentos guardados. Pois a minha vontade era outra”, conta.

Quando conheceu Kleuma, com apenas 17 anos, e se apaixonou, para sua família ela estava sendo induzida. Foi aí que os conflitos começaram, ao ponto da mãe de Mirianny procurar Kleuma e acusa-la de muitas coisas.

“Não teve nada de indução. Era a minha vontade. Foi diferente, foi entre amigas, começou de brincadeira, porque embora eu tivesse um sentimento por ela, eu tinha medo de externar porque eu não sabia como seria a reação da minha família. Foi muito complicado. Teve até advogado pelo meio”, relatou.

Para Kleuma também não foi fácil. Embora tivesse mais idade e já trabalhasse, quando sua família soube do episódio das brigas com a mãe de Mirianny, ninguém deu força ao relacionamento. Mas Kleuma foi forte, não desistiu do seu amor. Elas ficaram separadas e sem se ver por mais ou menos um ano. Mas o amor ficou guardadinho no coração e no momento certo aflorou.

Mirianny também precisou ser forte. “Eu tinha 17 anos, parei de estudar, fugi de casa, morei de favor na casa de uma amiga. Foi uma barra. A Kleuma sempre me acalmava cantando uma música do Armandinho que dizia que se não fosse nessa vida seria em outra, mas que um dia o nosso amor ia dar certo”, recorda.

Presente de Deus

Depois de tanto sofrimento, Mirianny e Kleuma hoje vivem uma linda história de amor

Antes que o amor do casal fosse aceito por suas famílias, Mirianny e sua mãe chegaram a ficar três meses sem se falar. Foi então que ela se encheu de coragem e resolveu abrir seu coração.

“Eu disse mãe, eu não quero mentir, eu não quero demonstrar ser uma coisa que eu não sou, eu quero ser feliz. Não adiantava eu ficar com alguém de outro sexo só para dar satisfação para a sociedade. Eu não ia ser feliz. Eu sempre fui muito segura do que eu queria. Eu não conseguir olhar para um homem da mesma forma que eu olhava para uma mulher”, recorda.

A irmã mais velha teve papel importante na conciliação de Mirianny com a mãe. Quando tudo finalmente se acalmou, a mãe de Mirianny não aceitava ainda, mas respeitava a decisão da filha. A família de Kleuma aceitou, e as duas foram morar juntas ao lado da residência de mãe de Kleuma.

Reservadas, não costumam trocar carinhos e beijos em público. Mas não escondem de ninguém a sua condição de casal.

“Ela é um presente de Deus. Se não fosse ela na minha vida, acho que muita coisa que é para o meu bem, para o meu crescimento não teria acontecido”.

O casal sabe que sempre vai existir o preconceito, se magoa com determinadas situações. Mas segue em frente. “A gente fica magoada de ouvir certas coisas. Até mesmo na faculdade poucos dias atrás vi um amigo falando de uma reportagem sobre casais do mesmo sexo, e ele dizia que tinha achado ridículo, que achei feio. Fiquei mal naquele momento, mas não discuti. É muito complicado, mas eu penso que a gente tem que viver a nossa vida e ser feliz”.

Kleuma sempre diz para Mirianny que é preciso ter status, profissão e uma condição financeira melhor para que elas sejam respeitadas e bem vistas. Por que quando se está por baixo, todo mundo se acha no direito de jogar pedra e pisar.

“Ela me incentiva muito a estudar, me formar, ter um emprego bom. Se fosse preciso enfrentaria mil vezes todos os obstáculos para viver esse grande amor. Tenho certeza que ela foi enviada por Deus para fazer de mim uma pessoa melhor. Ela é companheira, é amiga, é uma pessoa que dá força em todos os momentos”, finalizou.

JK com informações do G1

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