quinta-feira, 15 de setembro de 2016

SAIRÉ 2016 FOI OFICIALMENTE ABERTO NA MANHÃ DE HOJE NA VILA DE ALTER DO CHÃO

Autoridades e organizadores levantando as bandeiras

Os rituais religiosos da procissão e levantamento dos mastros abriram oficialmente a programação do Sairé 2016 na manhã desta quinta-feira (15). Na ocasião, foram levantados os mastros do juiz e da Juíza, elementos tradicionais que ficam expostos até o fim da festa. O Sairé é realizado anualmente na vila de Alter do Chão, que fica aproximadamente 38 km de Santarém.

No barracão da festa, localizado na Praça do Sairé, a celebração de bênçãos e agradecimentos ao Divino Espírito Santo iniciou o primeiro ato. Em seguida, os personagens que fazem parte da festa (Saraipora, juiz e juíza, mordomos, foliões, alferes e capitão) saíram em procissão pelas ruas até a praia do Cajueiro, onde os mastros foram guardados desde o ritual da busca, que aconteceu no sábado (10).

Na praia do Cajueiro, mordomos e mordomas carregaram os troncos de árvores retornando para Praça do Sairé. A caminhada foi acompanhada por foliões, comunitários e turistas que seguiram o cortejo embalados pelas músicas religiosas durante todo o percurso. Como tradicionalmente acontece, a banda Espanta Cão, ícone da cultura borari, ficou responsável pelas cantigas de louvor.

O professor Jackson Rego é folião há cinco anos. Ele explica que o Espanta Cão é o grupo musical que acompanha as ladainhas e que os foliões têm a missão de acompanhar e animar a celebração. “O importante é que neste momento mostramos que todos são irmãos e nos unimos ainda mais em função do Sairé”.

O símbolo que representa o Sairé – Santíssima Trindade – foi conduzido por Dalva de Jesus Vieria, de 54 anos, que representa a Saraipora. Ela assumiu o cargo há dois anos e ressalta a importância da celebração. “Para mim é uma emoção muito grande. É algo que fazemos em louvor a Deus, por quem eu sigo carregando este símbolo do Sairé. O importante aqui é renovar nossa fé neste evento que significa o resgate das nossas raízes, da cultura que me foi passado desde os meus avós e isso representa muito para quem é de Alter do Chão”.

De volta a Praça do Sairé, homens e mulheres, divididos em equipes que representam o Juiz e a Juíza, respectivamente, realizaram mais uma disputa. O objetivo foi enfeitar e erguer o mastro primeiro. Pelo segundo ano consecutivo, os homens venceram. Cada mastro é enfeitado com frutas como banana, laranja, abacaxi e outras que representam a fartura da região.

Segundo o Jackson Rego, a disputa dos mastros representa um equilíbrio entre o lado feminino e masculino. “Este momento dos mastros é o momento mais importante porque todos estão representando sua fé em relação a fartura da produção local. Essa disputa acaba sendo uma confraternização entre o masculino e o feminino”, conclui.

Todos os anos turistas chegam na vila balneária para conhecer e participar do festival. Segundo Aline Bimont, que é paulista, mas mora no Pará há três meses, o Sairé chama atenção por conta das cores, das músicas e do ritual religioso, além da receptividade dos anfitriões. “A gente é muito bem recebido por aqui. A alegria do povo e a disposição do povo, principalmente das mulheres levantando o mastro e se colocando também a disposição de nos receber. Tive a oportunidade de carregar o mastro junto com elas e a gente se sente em casa”, ressalta.













Sairé

A festa é realizada anualmente na vila e reúne elementos religiosos e profanos. De acordo com historiadores, a festividade, que foi introduzida na Amazônia durante as missões evangelizadoras de padres jesuítas no fim do século 17, é repleta de simbolismo, com detalhes que mostram a influência do período de colonização, como é o caso do símbolo maior, o arco do Sairé, que lembra um escudo português, e que louva o Divino Espírito Santo. O evento conta ainda com a disputa entre os botos Cor de Rosa e Tucuxi.

JK

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