R$ 2 mil. Este foi o preço da vida do vigilante Joelson Sousa, trucidado num quarto da Pousada Colonial (BR-316) pelo casal Savana Nathália Barbosa da Cruz, de 25 anos, e Raimundo Nonato Ferreira dos Santos, 33. Desde que ambos foram presos e trazidos para Belém, na última quinta-feira (11), essa pergunta estava sem resposta. Afinal, qual a verdadeira motivação dos autores do crime que consternou o Pará? O DIÁRIO obteve, com exclusividade, informações que esclarecem essa questão.
No depoimento de cinco horas de duração prestado aos delegados da Polícia Civil, na madrugada de sexta-feira (12), o casal de assassinos reconstituiu toda a história do triângulo amoroso que envolveu Joelson. Diante dos policiais, longe das câmeras de fotógrafos e cinegrafistas, Savana e Raimundo mostravam-se surpreendentemente calmos. Em dado momento, porém, a ex-namorada do vigilante caiu em prantos, mostrando o resultado de horas de tensão vividas desde que foi reconhecida e presa num barco a caminho de Macapá. Pediu um copo com água, restabeleceu a calma e seguiu contando em detalhes sua história fria e macabra.
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Diante do relato de Savana, ninguém pode duvidar da paixão desvairada que o vigilante nutria pela jovem. Eles se conheceram em 2005 durante uma viagem ao Amapá. Savana tinha então 19 anos e era uma moça vistosa, dona de boa conversa, que se trajava bem e mantinha os cabelos aloirados. Para Joelson, foi paixão à primeira vista. Caiu de amores por aquela desconhecida e, a partir daquele encontro fortuito, passou a alimentar o firme desejo de formar uma família com ela. Atribuía ao destino o fato de ter conhecido sua amada. Fazia planos e chegou a confidenciar isso a amigos próximos.
O mesmo não se pode dizer em relação a Savana. Enquanto alimentava as ilusões de Joelson, mantinha nas sombras um relacionamento firme com o maranhense Raimundo Nonato. Para agradar a amada, o vigilante não economizava esforços. Mimava a jovem com ajuda em dinheiro e dava bons presentes, que acabavam beneficiando o outro vértice do triângulo amoroso. Confiando cegamente na mulher, ele chegou a revelar a senha de sua conta bancária.
Mas, além das declarações mútuas de amor, os negócios passaram a fazer parte da rotina do casal. Chegou ao ponto de a acusada propor uma sociedade a Joelson em uma lanchonete que seria aberta em Macapá. Iludido, o vigilante não pensou duas vezes. Tratou de entregar o lugar na empresa em que trabalhava e, com o dinheiro da indenização por anos de trabalho, resolveu abraçar a nova vida, ao lado da mulher dos seus sonhos, como costumava revelar em conversas com os mais chegados.
Os assassinos sabiam que a sociedade na lanchonete era a cartada definitiva e acompanhavam a movimentação de Joelson sabendo que a parceria não tinha como dar certo. Afinal de contas, Savana e Raimundo Nonato se conheciam há mais tempo, tinham afinidades e gostavam de fato um do outro. A obstinação da vítima em se mudar de armas e bagagens para perto da mulher naturalmente levaria a um desfecho brusco do caso amoroso. Savana sabia que, mais dia menos dia, teria que botar um fim naquela história, pois a convivência diária com Joelson forçaria uma escolha entre os dois homens.
LUCRO SEM LIBERDADE
É claro que a preferência da moça era pelo namorado de verdade. Ciumento, Raimundo Nonato aceitou participar do golpe por ambição e esperança de lucro fácil, mas vivia de olho em Savana. As ligações começaram a ficar mais perigosas quando o vigilante, inocentemente, informou a amada que já estava de posse da quantia de R$ 2 mil, perguntando se ela tinha uma conta bancária para depositar a quantia. Joelson confiava cegamente na futura esposa e não sabia que estava naquele momento assinando sua própria sentença de morte.
Quando Joelson falou sobre o depósito, Savana disse que não tinha conta em banco. Ela já estava morando em Santa Izabel e disse, usando um telefone celular com prefixo de Macapá, que mandaria um emissário até a casa de Joelson para transportar os móveis e pegar o dinheiro. Passados dois dias, Savana ligou de novo para Joelson avisando que o homem (Raimundo Nonato) contratado por ela para buscar os móveis e trazer o dinheiro tinha sumido. Diante disso, o vigilante registrou um Boletim de Ocorrência.
Depois da conversa com Joelson, Savana contou o fato a Raimundo Nonato admitindo ter feito “uma besteira”. O amante retrucou: “Tu és doida. Liga para o Joelson e pede pra ele retirar a queixa”. Foi a senha para começar a ser arquitetado o plano sinistro para matar o vigilante. Aos delegados, Savana revelou que o primeiro plano previa a compra de um revólver para Raimundo Nonato emboscar Joelson. Essa ideia foi abandonada e, por sugestão do amante, decidiram fazer diferente: atrair a vítima para encontro num motel, onde seria morta e depois esquartejada, para facilitar a saída do corpo para desova em algum lugar mais afastado.
Casal cai em contradição e detalha o assassinato
Detalharam cuidadosamente o plano macabro durante pouco mais de um dia. O roteiro foi colocado em prática com a compra da faca, detergente e sacos plásticos num supermercado de shopping center. De posse do material, o casal se dirigiu a um ponto de táxi pedindo ao motorista que indicasse um motel perto e barato. O taxista sugeriu a Pousada Colonial, localizada próxima à rodovia BR-316.
Na chegada ao motel, houve um pequeno entrevero com o taxista, que estranhou o fato de o casal pedir para ficar em dois quartos. “Não te mete”, retrucou, aborrecido, Raimundo Nonato. Na guarita da recepção, o casal pediu os dois apartamentos. A recepcionista solicitou uma identificação de Savana Nathalia, que informou estar sem documento, tendo a atendente pedido ao motorista para baixar o vidro do carro, a fim de verificar se não era menor.
Já dentro do apartamento, orientada por Raimundo Nonato, Savana ligou para Joelson travando um diálogo curto, mas insinuante: “Joelson, vem logo, não vai demorar”. Quando a vítima chegou, depois de pagar uma corrida de mototáxi, encontrou Savana sentada na cama, aparentando nervosismo. “O que está acontecendo? Tu está nervosa...”, reparou Joelson Sousa, recebendo como resposta de Savana: “Tu não deverias estar aqui”. A assassina finge, então, que vai buscar um copo de água no frigobar e aproveita para ligar para o apartamento 403, avisando Raimundo Nonato que havia chegado a hora.
Justamente neste ponto começam as divergências nos depoimentos do casal de assassinos. Savana contou que estava tirando a camisa de Joelson quando este foi surpreendido com uma certeira facada pelas costas, desferida por Raimundo Nonato, que põe a mão na boca do vigilante, impedindo-o de gritar. Já o assassino afirma que, ao entrar no quarto, Savana estava fazendo amor com Joelson na cama. Tomado por uma fúria violenta ao ver a amante nua e abraçada com o outro homem, ele atacou Joelson com mais violência. Em seguida, começou a sessão de esquartejamento, conforme o previsto.
Outra divergência na confissão está na participação de Savana no esquartejamento. Ela disse que, enquanto Raimundo Nonato degolava a vítima, lhe coube a missão de cortar os dedos do vigilante, mas só teria conseguido decepar um, pois teve um acesso de vômito que a impediu de continuar. Já o comparsa sustenta que Savana foi a autora da eliminação das impressões digitais da vítima.
Os passos seguintes da narrativa concentram-se na fuga com as partes do cadáver. A ideia era jogar em uma cisterna nos fundos do motel, porém na última hora decidiram acondicionar os restos mortais nos sacos plásticos comprados e sair rapidamente da pousada.
CABEÇA
O primeiro a sair foi Raimundo Nonato, que pediu um táxi e levou, embrulhada dentro de um saco, a cabeça de Joelson, que foi jogada em uma lixeira em frente a uma loja na BR-316. Dez minutos depois, saiu Savana em outro táxi, apanhando o amado às margens da rodovia e dirigindo-se ao Terminal Rodoviário, em São Brás.
Ficaram lá até o amanhecer, quando tomaram o primeiro ônibus urbano para a cidade de Santa Izabel. No dia seguinte ao crime, a RBATV começa a desvendar a identidade dos assassinos e mostra a foto da possível acusada, também estampada nas páginas do DIÁRIO. Assustados, eles resolvem fugir de ônibus até Castanhal e depois Paragominas, onde pretendiam seguir viagem para Imperatriz, no Maranhão.
As reportagens diárias sobre o caso no DIÁRIO e na RBATV fizeram os criminosos mudarem o plano de fuga, pois seriam facilmente reconhecidos em Paragominas. À noite, viajaram para Dom Eliseu, pois pretendiam chegar a Itaituba. Houve nova alteração na rota e ambos optaram por ficar em Novo Repartimento.
Outro detalhe importante no depoimento de Savana foi a retirada de R$ 900,00 de uma conta da vítima, cuja senha era do conhecimento da assassina. Este valor foi retirado no dia seguinte ao crime em uma agência bancária de Santa Izabel. Após cinco horas, o depoimento terminou, sem que os cúmplices demonstrassem sinais de arrependimento ou remorso pelo brutal crime praticado. (Diário do Pará)
No depoimento de cinco horas de duração prestado aos delegados da Polícia Civil, na madrugada de sexta-feira (12), o casal de assassinos reconstituiu toda a história do triângulo amoroso que envolveu Joelson. Diante dos policiais, longe das câmeras de fotógrafos e cinegrafistas, Savana e Raimundo mostravam-se surpreendentemente calmos. Em dado momento, porém, a ex-namorada do vigilante caiu em prantos, mostrando o resultado de horas de tensão vividas desde que foi reconhecida e presa num barco a caminho de Macapá. Pediu um copo com água, restabeleceu a calma e seguiu contando em detalhes sua história fria e macabra.
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Diante do relato de Savana, ninguém pode duvidar da paixão desvairada que o vigilante nutria pela jovem. Eles se conheceram em 2005 durante uma viagem ao Amapá. Savana tinha então 19 anos e era uma moça vistosa, dona de boa conversa, que se trajava bem e mantinha os cabelos aloirados. Para Joelson, foi paixão à primeira vista. Caiu de amores por aquela desconhecida e, a partir daquele encontro fortuito, passou a alimentar o firme desejo de formar uma família com ela. Atribuía ao destino o fato de ter conhecido sua amada. Fazia planos e chegou a confidenciar isso a amigos próximos.
O mesmo não se pode dizer em relação a Savana. Enquanto alimentava as ilusões de Joelson, mantinha nas sombras um relacionamento firme com o maranhense Raimundo Nonato. Para agradar a amada, o vigilante não economizava esforços. Mimava a jovem com ajuda em dinheiro e dava bons presentes, que acabavam beneficiando o outro vértice do triângulo amoroso. Confiando cegamente na mulher, ele chegou a revelar a senha de sua conta bancária.
Mas, além das declarações mútuas de amor, os negócios passaram a fazer parte da rotina do casal. Chegou ao ponto de a acusada propor uma sociedade a Joelson em uma lanchonete que seria aberta em Macapá. Iludido, o vigilante não pensou duas vezes. Tratou de entregar o lugar na empresa em que trabalhava e, com o dinheiro da indenização por anos de trabalho, resolveu abraçar a nova vida, ao lado da mulher dos seus sonhos, como costumava revelar em conversas com os mais chegados.
Os assassinos sabiam que a sociedade na lanchonete era a cartada definitiva e acompanhavam a movimentação de Joelson sabendo que a parceria não tinha como dar certo. Afinal de contas, Savana e Raimundo Nonato se conheciam há mais tempo, tinham afinidades e gostavam de fato um do outro. A obstinação da vítima em se mudar de armas e bagagens para perto da mulher naturalmente levaria a um desfecho brusco do caso amoroso. Savana sabia que, mais dia menos dia, teria que botar um fim naquela história, pois a convivência diária com Joelson forçaria uma escolha entre os dois homens.
LUCRO SEM LIBERDADE
É claro que a preferência da moça era pelo namorado de verdade. Ciumento, Raimundo Nonato aceitou participar do golpe por ambição e esperança de lucro fácil, mas vivia de olho em Savana. As ligações começaram a ficar mais perigosas quando o vigilante, inocentemente, informou a amada que já estava de posse da quantia de R$ 2 mil, perguntando se ela tinha uma conta bancária para depositar a quantia. Joelson confiava cegamente na futura esposa e não sabia que estava naquele momento assinando sua própria sentença de morte.
Quando Joelson falou sobre o depósito, Savana disse que não tinha conta em banco. Ela já estava morando em Santa Izabel e disse, usando um telefone celular com prefixo de Macapá, que mandaria um emissário até a casa de Joelson para transportar os móveis e pegar o dinheiro. Passados dois dias, Savana ligou de novo para Joelson avisando que o homem (Raimundo Nonato) contratado por ela para buscar os móveis e trazer o dinheiro tinha sumido. Diante disso, o vigilante registrou um Boletim de Ocorrência.
Depois da conversa com Joelson, Savana contou o fato a Raimundo Nonato admitindo ter feito “uma besteira”. O amante retrucou: “Tu és doida. Liga para o Joelson e pede pra ele retirar a queixa”. Foi a senha para começar a ser arquitetado o plano sinistro para matar o vigilante. Aos delegados, Savana revelou que o primeiro plano previa a compra de um revólver para Raimundo Nonato emboscar Joelson. Essa ideia foi abandonada e, por sugestão do amante, decidiram fazer diferente: atrair a vítima para encontro num motel, onde seria morta e depois esquartejada, para facilitar a saída do corpo para desova em algum lugar mais afastado.
Casal cai em contradição e detalha o assassinato
Detalharam cuidadosamente o plano macabro durante pouco mais de um dia. O roteiro foi colocado em prática com a compra da faca, detergente e sacos plásticos num supermercado de shopping center. De posse do material, o casal se dirigiu a um ponto de táxi pedindo ao motorista que indicasse um motel perto e barato. O taxista sugeriu a Pousada Colonial, localizada próxima à rodovia BR-316.
Na chegada ao motel, houve um pequeno entrevero com o taxista, que estranhou o fato de o casal pedir para ficar em dois quartos. “Não te mete”, retrucou, aborrecido, Raimundo Nonato. Na guarita da recepção, o casal pediu os dois apartamentos. A recepcionista solicitou uma identificação de Savana Nathalia, que informou estar sem documento, tendo a atendente pedido ao motorista para baixar o vidro do carro, a fim de verificar se não era menor.
Já dentro do apartamento, orientada por Raimundo Nonato, Savana ligou para Joelson travando um diálogo curto, mas insinuante: “Joelson, vem logo, não vai demorar”. Quando a vítima chegou, depois de pagar uma corrida de mototáxi, encontrou Savana sentada na cama, aparentando nervosismo. “O que está acontecendo? Tu está nervosa...”, reparou Joelson Sousa, recebendo como resposta de Savana: “Tu não deverias estar aqui”. A assassina finge, então, que vai buscar um copo de água no frigobar e aproveita para ligar para o apartamento 403, avisando Raimundo Nonato que havia chegado a hora.
Justamente neste ponto começam as divergências nos depoimentos do casal de assassinos. Savana contou que estava tirando a camisa de Joelson quando este foi surpreendido com uma certeira facada pelas costas, desferida por Raimundo Nonato, que põe a mão na boca do vigilante, impedindo-o de gritar. Já o assassino afirma que, ao entrar no quarto, Savana estava fazendo amor com Joelson na cama. Tomado por uma fúria violenta ao ver a amante nua e abraçada com o outro homem, ele atacou Joelson com mais violência. Em seguida, começou a sessão de esquartejamento, conforme o previsto.
Outra divergência na confissão está na participação de Savana no esquartejamento. Ela disse que, enquanto Raimundo Nonato degolava a vítima, lhe coube a missão de cortar os dedos do vigilante, mas só teria conseguido decepar um, pois teve um acesso de vômito que a impediu de continuar. Já o comparsa sustenta que Savana foi a autora da eliminação das impressões digitais da vítima.
Os passos seguintes da narrativa concentram-se na fuga com as partes do cadáver. A ideia era jogar em uma cisterna nos fundos do motel, porém na última hora decidiram acondicionar os restos mortais nos sacos plásticos comprados e sair rapidamente da pousada.
CABEÇA
O primeiro a sair foi Raimundo Nonato, que pediu um táxi e levou, embrulhada dentro de um saco, a cabeça de Joelson, que foi jogada em uma lixeira em frente a uma loja na BR-316. Dez minutos depois, saiu Savana em outro táxi, apanhando o amado às margens da rodovia e dirigindo-se ao Terminal Rodoviário, em São Brás.
Ficaram lá até o amanhecer, quando tomaram o primeiro ônibus urbano para a cidade de Santa Izabel. No dia seguinte ao crime, a RBATV começa a desvendar a identidade dos assassinos e mostra a foto da possível acusada, também estampada nas páginas do DIÁRIO. Assustados, eles resolvem fugir de ônibus até Castanhal e depois Paragominas, onde pretendiam seguir viagem para Imperatriz, no Maranhão.
As reportagens diárias sobre o caso no DIÁRIO e na RBATV fizeram os criminosos mudarem o plano de fuga, pois seriam facilmente reconhecidos em Paragominas. À noite, viajaram para Dom Eliseu, pois pretendiam chegar a Itaituba. Houve nova alteração na rota e ambos optaram por ficar em Novo Repartimento.
Outro detalhe importante no depoimento de Savana foi a retirada de R$ 900,00 de uma conta da vítima, cuja senha era do conhecimento da assassina. Este valor foi retirado no dia seguinte ao crime em uma agência bancária de Santa Izabel. Após cinco horas, o depoimento terminou, sem que os cúmplices demonstrassem sinais de arrependimento ou remorso pelo brutal crime praticado. (Diário do Pará)
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