domingo, 25 de março de 2012

LEIA O RELATO DE UM PROFESSOR SANTARENO INDIGNADO COM A MORTE DO SEU CUNHADO NO HOSPITAL REGIONAL DE SANTARÉM POR NEGLIGÊNCIA DE MÉDICOS

Não dá para disfarçar e fechar os olhos para a realidade a que assistimos com relação ao sistema de saúde pública de nosso país e, principalmente, aqui de nossa região. A ausência de tantos recursos nesta área reflete a precariedade do atendimento nos hospitais, onde a fila de pacientes é gigantesca. Vemos com freqüência pelos veículos midiáticos as dificuldades que a população santarena enfrenta para obter assistência médica digna e de qualidade. Esse quadro retrata o descaso com a saúde pública, a qual deveria ser um serviço prioritário para todos. No entanto, pelo que observamos, este serviço ainda não atende às necessidades básicas da população, por conta de inúmeros fatores, que nem precisamos aqui elencar, basta que alguém adoeça para comprovar amargamente o caos que predomina dentro das instituições de saúde pública. Mas o pior disso tudo, e cabe aqui um comentário mais sisudo, é o quadro médico que compõe este setor. 

Profissionais competentes? Éticos? Responsáveis? Não se tem dúvida de que alguns prezam e honram seu diploma. Outros, porém, não mereciam exercer tal profissão e serem chamados de médicos e acima de tudo de doutores. Pois esta porcentagem compromete e macula a imagem daqueles que de fato assumem seu ofício com decência e dignidade. 

Quem já passou pela experiência de perder alguém de sua família, parente ou amigo, pela falta de seriedade e competência de determinados “médicos”, sabe exatamente do que estou falando e provavelmente entende o sentimento de dor e revolta que fica impregnado na vida daqueles que ficam sem o seu ente querido. Nossa família, há pouco tempo, foi mais uma vítima do descaso e da negligência médica que anda assolando a vida de muitas pessoas aqui em nossa cidade. Perdemos, no hospital regional, alguém, que não fora tratado, pelos médicos, com devido cuidado e respeito. A extrema falta de atenção desses “ditos profissionais” fez com que meu cunhado rapidamente viesse a óbito, sem que nossa família tivesse a mínima chance de buscar para ele recursos e tratamento noutro local. 

Meu cunhado morrera vítima de um câncer, sobre o qual somente fomos informados quando o caso já se tornara irreversível. Os médicos que o acompanhavam não dispensaram a ele o mínimo de respeito, zelo e cuidado, e deixaram com que a doença se agravasse tomando proporções fatais. Sabemos que para tais médicos esse caso não representa nenhuma perda, pois não foi o primeiro e nem o último de uma relação que cresce a cada dia por falta de atendimento e atenção dos mesmos. É estarrecedor a frieza, a atitude desumana, a insensibilidade com que determinados médicos tratam seus pacientes. A morte de meu cunhado comprovou e reforça os reclames que todos os dias são feitos pela população santarena contra a postura insensata e violenta de certos indivíduos que vêm aniquilando a vida de pessoas que ainda poderiam estar em nosso meio , não fosse tanto descaso e ineficiência desses “profissionais.” Não podemos ficar calados diante de tantos erros, diante de tantos fracassos médicos. Ontem foi meu cunhado, amanhã será quem? Você? A quem confiar nossas vidas? Lamentavelmente, essa pergunta não se quer calar. Estamos indignados com o sistema de saúde pública aqui de nossa cidade. É preciso que cada um, santareno ou não, reflita sobre o que vem ocorrendo dentro dos hospitais, sobre o que esses Simãos Bacamartes (nome dado ao médico da obra O Alienista de Machado de Assis) , para não os chamar de outra coisa, estão fazendo contra a vida humana. O exercício da medicina é algo sério e não pode ser praticado de forma irresponsável. Nos leitos hospitalares, estão pessoas necessitando de ajuda por parte de especialistas competentes, que não visem apenas seus salários, mas que tenham sobretudo tolerância e humanidade para com aqueles que se encontram debilitados. 

Recusamos-nos agora recorrer ao hospital regional em busca de qualquer tipo de atendimento, pois o trauma que vivenciamos lá, por ocasião do problema de saúde de meu cunhado, ainda nos atormenta, nos machuca, nos deixa em pânico! Como pode existir um lugar que deveria ser símbolo de conforto e confiança para aqueles que o procuram, de repente representar a desesperança, a morbidez, o próprio túmulo para quem se encontra ali. E não adianta pensar diferente, pois esta é a mais plena realidade, a qual é descrita nos semblantes e na história de vida de pessoas humildes que, infelizmente, necessitam apostar na sorte de serem, neste lugar, bem atendidas e tratadas como gente. Este nosso desabafo não cabe para aqueles médicos que de certa forma procuram dignificar sua profissão, embora muitos percalços atropelem seus esforços nesta área, mas é dirigido àqueles, que, sem nenhuma dúvida, não poderiam estar prestando serviço à população santarena, principalmente ocupando cargos de suma responsabilidade neste setor. E ainda serem tratados, pelo poder público como mocinhos, o que nos tem causado tamanha estranheza. Pois, a população santarena não merece médicos desta qualidade, que de mocinhos, todos sabem, nada têm. 

Sebastião Sousa, professor da Rede Estadual de Ensino em Santarém 

Fonte: blog Geosociedade 

Nenhum comentário:

Postar um comentário