domingo, 19 de agosto de 2012

A QUEM SERVE O DETRAN NO PARÁ: AOS CIDADÃOS OU AS EMPRESAS DE GUINCHOS?

Os fatos que narro aqui me foram relatados por uma amiga, mas creio que o sentimento de revolta deve ser bem mais comum do que se imagina em muitos cidadãos que pagam impostos e gostariam de ver os orgãos públicos servindo verdadeiramente aos nossos interesses.

Em uma blitz do DETRAN realizada na avenida Pedro Álvares Cabral, postada no final da tarde da última sexta-feira em frente a um posto de gasolina no perímetro seguinte a ponte do Galo, eis que minha amiga se vê obrigada pelo agente do DETRAN a para no acostamento para verificação de documentos. Ao volante, seu noivo, e no banco de trás, duas crianças de menos de 7 anos, instaladas nas suas cadeirinhas, como manda a nova legislação. Constatado um atraso no pagamento do IPVA, o agente do DETRAN dispara, secamente: "Vou ter que notificá-los e o veículo vai ter que ser apreendido". Como alternativa, porém (no que até parecia compaixão frente aquela situação), o mesmo agente propõe em seguida: "Uma alternativa para que seu carro não vá parar no curral é a senhora dar um jeito de pagar agora o boleto do IPVA e trazer o comprovante. Ficaremos aqui até as 18h:30. Depois disso, o guincho leva o carro para o curral".

Tudo faria sentido e seria justo se assim realmente a história se desenrolasse: afinal, valeria a pena deixar o carro preso na blitz aos cuidados do noivo, enquanto juntava duas crianças pequenas para tomar um táxi ás pressas em direção ao mais próximo computador com acesso a WEB, onde pudesse pagar um boleto, para retornar e encontrar o bom agente do DETRAN supostamente preocupado não com a arrecadação fiscal, mas com o bem-estar de uma família, que com um pedaço de papel comprovando pagamento poderia seguir.

Mas minha amiga se atrasou por 15 minutos, devido ao trânsito. Canhoto pago, encontrou o agente a ordenar a colocação do veículo no guincho. Passava do "horário da blitz". Todos ainda lá: carro, boleto pago, guincho, DETRAN. Mas o que foi embora cedo (ou talvez nem tenha saído de casa) foi o bom senso. O agente ignorou o boleto pago e o fato de o carro já estar legalmente apto a circular pelas ruas: "NÃO POSSO FAZER MAIS NADA". E assim se foi.

A quem serve esse estado afinal? Aos cidadãos, às empresas de guinchos ou apenas a si próprio?

Simão Pedro Malato, comerciante

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