JORNALISTA SANTARENA ENTREVISTA CABOCLO DO ARAPIUNS QUE TEM 26 FILHOS E DIZ QUE AINDA "DÁ CONTA DO RECADO"

Estive semana passada viajando pelo rio Arapiuns, agora estou no rio Maró, dentro de um barco rumo a ultima comunidade denominada Aracaty, bem no seio dos conflitos agrários e exploração ilegal de madeira, que foram motivos de vários protestos e revoltas dos comunitários registrados há pelo menos durante uma década pra cá.

Parece que a coisa acalmou um pouco. É Inverno e muitas balsas estão subindo o rio apenas para levar equipamentos, como os tratores que vão derrubar as árvores, por exemplo. Mas me chama atenção um senhor muito falante. Trata-se de Joaquim Batista da Silva, 73 anos. Ele vai ficar na comunidade de Andirobal, onde cria uns gados.

Como a curiosidade sobre o nome da comunidade me arvora, pergunto se ali tem muita andiroba. Tem muita, responde, me dizendo que foram, inclusive, construídos dois depósitos na outra comunidade próxima, de nome Prainha, para aproveitar um certo incentivo governamental de extração do liquido que serve para fabricação de remédios e cosméticos. Na época todo mundo se animou e foram extraídos cerca de 250 litros do óleo, que ficou empacado por não ter pra quem vender.

Ele nasceu na Vila de Arapixuna, como muitos acabaram na cidade, vendendo o que possuíam no interior. Mas como ‘bicho do mato’, quer sempre voltar, ele não foi diferente: “estar perto do rio, da mata, respirar ar puro e muito melhor do que estar quentura da cidade e ainda acabar sendo morto por um bandido”, resume. Aposentado pela pesca, ele diz que não deixa o interior por nada, embora tenha família na cidade.

Mas, o mais curioso do seu “ Joaquim Preto” como é chamado, é o fato de ter vinte e seis filhos. Perdeu dois vitimas de pneumonia. Mas vinte e quatro filhos estão vivos e por ai vivendo em toda a região por onde ele mesmo passou. Disse-me que ao todo teve trinta mulheres, que não foram dando certo o relacionamento, mas seis delas marcaram sua vida, com teve os vinte e seis filhos. Casou apenas com uma, da qual tem sete filhos e vive com ela ate hoje.

Ele cuida de gados, planta café, urucum, pimenta do reino , faz farinha, e vende pra cidade. Somente ano passado vendeu 120 sacos. Mas, afirma que ainda tem muita energia pra trabalhar. A caçula tem apenas quatros, mas diz dando gargalhadas que ainda “da conta do recado” de fazer pelo menos mais uns dois filhos.

Sua formula: “É viver bem, em paz com outros. Trabalhar e gostar de tudo o que faz”.

Gerciene Belo, jornalista santarena