Após saída de médicos cubanos, governo brasileiro pretende abrir 8.332 vagas para repor profissionais do programa Mais Médicos
O Ministério da Saúde anunciou que nesta sexta-feira (16), realizará reunião com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) para a definição da saída dos médicos cubanos do programa Mais Médicos e entrada dos profissionais brasileiros que serão selecionados por edital em primeira chamada ainda no mês de novembro e comparecimento aos municípios imediatamente após a seleção.
Nesta reunião será finalizada a proposta de edital para selecionar profissionais para as 8.332 vagas que serão deixadas pelos médicos cubanos. Na próxima semana devem ser anunciados os detalhes sobre o edital de seleção e chamada para inscrições.
O governo de Cuba anunciou nesta semana o rompimento unilateral da participação no programa Mais Médicos. O motivo para a decisão foram as declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) com críticas ao programa criado na gestão petista.
Após um café da manhã com o comandante da Marinha, Eduardo Bacellar, nesta sexta-feira, Bolsonaro questionou os direitos humanos dos médicos cubanos, que ficariam com 30% do salário. Também afirmou que quem pedir asilo poderá ficar no país.
Repetiu que a situação dos profissionais de saúde cubanos é "praticamente de escravidão" e questionou a qualidade dos serviços prestados.
"Nunca vi uma autoridade no Brasil dizer que foi atendido por um médico cubano. Será que devemos destinar aos mais pobres profissionais, entre aspas, sem qualquer garantia de que eles sejam realmente razoáveis, no mínimo? Isso é injusto, é desumano", disse Bolsonaro.
O presidente eleito defendeu o exame presencial de validação do diploma dos médicos incluídos no programa. "O que temos ouvido, em muitos relatos, são verdadeiras barbaridades. Não queremos isso para ninguém no Brasil, muito menos para os mais pobres. Queremos o salário integral (dos médicos cubanos) e o direito (deles) de trazer a família para cá. Isso é pedir muito? Isso está em nossas leis, que estão sendo desrespeitadas", resumiu Bolsonaro antes de encerrar a entrevista, que durou menos de cinco minutos.
Ainda durante a entrevista, Bolsonaro também afirmou que os cubanos que pedirem asilo político para ficar no Brasil serão acolhidos.
"Há quatro anos e pouco, quando foi discutida a Medida Provisória (que criou o Mais Médicos), o governo da senhora Dilma (Rousseff) disse, em alto e bom som, que qualquer cubano que, por ventura, pedisse asilo, seria deportado. Se eu for presidente, o cubano que pedir asilo aqui, (que) se justifica pela ditadura da ilha, terá o asilo concedido da minha parte", afirmou.
Pelo menos 150 médicos cubanos desertores do programa federal lutam na Justiça para poder clinicar no Brasil de forma independente, fora do acordo entre Brasil e Cuba, ganhando salário integral.
Fonte: R7
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