quarta-feira, 18 de maio de 2011

O poeta do Tapajós













Erra quem esquece sua raiz

“Se queres ser universal começa por pintar a tua aldeia”. Leon Tolstoi.

Como me fazem falta...
Ares da minha Terra!

Campos alagados, matas fechadas,
canoas e batelões a vela e a remo.
O belo rosto da morena
na janela do casarão...
O namoro furtivo nas sombras
de uma noite enluarada... Ao longe,
a toada monótona de um choroso violão!

As piadas contadas em volta
da mesa. Uma lamparina acesa
e as estórias de assombração!
Um gole de café quentinho
e um elogio providencial e carinhoso
aos dotes culinários da dona Teresa.

Como me fazem falta...
Ares da minha Terra!

Erra quem esquece sua raiz...
A Terra que foi o seu berço
e que enterrou os seus mortos...
e realizou ou acirrou os seus sonhos
mais sagrados ou os mais pueris,
os bizarros ou os mais bisonhos...
Não, não entendo as suas razões...
As minhas não têm senões,
dela nunca esqueço
por mais que viva em outro lugar.

Hei de voltar... Deus, por mim, o fará.
Vou caminhar nas calçadas de
São Sebastião e mergulhar de
olhos abertos, perto bem perto de
um tronco de samaúma, onde um dia,
achei que vi uma sereia...
e meus irmãos, alegres, revestidos de areia
riram muito da minha estupefação!

Como me fazem falta...
Ares da minha Terra!

Do jardim da casa da minha mãe
ao da casa da vovó Maroca...
Ou mesmo no jardim da casa da Ló,
as rosas me seduziram desde
a minha mais tenra infância...
(que maravilhosa lembrança!)
Olhava-as bem de perto e sentia
o seu cheiro, suas frágeis pétalas
arrumadas umas sobre as outras...
E sua suave delicadeza...
Sublime perfeição que me encantou,
desde então, para sempre...

De casa podia ver o rio Tapajós,
(o azul, que marcou todos nós)
repleto de velas e embarcações...
Via as bolas de capim e os troncos
das árvores à deriva na correnteza, viajando
para os confins, só elas e as visitas esporádicas
das garças, gaivotas, andorinhas e mergulhões...
Rotas incertas que seguimos, também,
à busca de não sei o quê ou de não sei quem!

Tais impressões sinto, hoje,
com mais veemência...
Os anos se passaram e minha Terra me chama...
Ela também me ama.
Juntos... Lágrimas? Só de alegria...
Saudades? Só as que ficaram para trás...

Do Advogado poeta e amigo Paulo Paixão

Um comentário:

  1. Tio Paulo, mandei esse belo poema pro Fabricio. Ele vai adorar. Um beijão.

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