BELÉM (PA) - A quantidade de abstenções no plebiscito deste domingo no Pará é considerada decisiva para o resultado das urnas. O feriado de Nossa Senhora da Conceição nesta quinta-feira levou muitos moradores de Belém a saírem da cidade, o que preocupa os partidários do "não" à criação dos estados de Carajás e Tapajós. Em Santarém, cerca de 400 canoeiros fecharam o Rio Amazonas para impedir a passagem de navios de transporte de bauxita de Trombetas, mas a manifestação é pacífica, segundo as informações locais. Embarcações de minério não passaram pelo rio nesta sexta, o que indica precaução.
Em Eldorado dos Carajás, manifestantes prometem fechar neste sábado a ferrovia da Vale do Rio Doce e a antiga rodovia PA-150, que foi federalizada, para exigir a criação do estado.
- Nossa preocupação é com a abstenção, por causa do feriado. Vamos trabalhar até o último momento possível - diz o deputado estadual Celso Sabino, da frente contra a divisão do Pará, que agendou para a manhã de sábado uma carreata.
Em geral, a abstenção ultrapassa 20% na Região Metropolitana de Belém. Partidários da criação dos novos estados acreditam que o total de eleitores que faltarão as urnas pode atingir 30%, o que garantiria a vitória do "sim". O economista Josenir Nascimento, secretário executivo da Associação dos Municípios do Araguaia, Tocantins e Carajás, fez as contas e diz que o resultado, tanto para um quanto para outro, pode ser apertado.
As frentes calculam em 3,2 milhões de eleitores na área do Novo Pará, onde a maioria vota pelo não. Em Tapajós são 730 mil e em Carajás, 960 mil votantes.
- Acreditamos na vitória, mas ela será apertada. Temos chance de ganhar, ao contrário do que muitos dizem - afirma Edinaldo Bernardo, presidente do Comité Pró-Tapajós em Santarém.
Bernardo diz que a campanha pelo "sim" avançou nas últimas semanas. A greve dos professores do estado, que não conseguiram reajuste de R$ 65,00 nos salários, teria funcionado como a favor da separação, mostrando uma incapacidade do governo do Pará de gerir um estado grande e desprovido de recursos.
- A ilha do Marajó é um lugar de muita miséria. Não acreditamos que as pessoas lá votem todas contra os novos estados. Mas só saberemos nas urnas, porque as pesquisas não atingem boa parte dos eleitores distantes da capital - diz Bernardo.
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