Caso a população apoie a divisão do Pará no plebiscito de 11 de dezembro, podem surgir um Estado verde e dois desmatados. Enquanto o Estado do Carajás e o Pará remanescente terão grande parte de sua área desmatada, Tapajós terá a maior porção de seu território intocada.
Segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o Pará é o Estado campeão em desmatamento em números absolutos: dos 1.247.743 km² de território do Pará, 248.548 km² foram desmatados, o que representa 19,9% do total.
O Estado também lidera o ranking de desmatamento entre 2009 e 2010, com 3.342 km² devastados em um ano –quatro vezes mais do que o segundo colocado, o Mato Grosso, onde 779 km² foram desmatados.
Se virar Estado, Carajás será o mais devastado de toda a Amazônia, proporcionalmente: dos 296.664 km² do novo Estado, 127.251 km², ou 42,9%, foram desmatados. Atualmente, o Estado mais desmatado em números relativos é Rondônia (35,5% de área devastada).
Descontadas as áreas protegidas –terras indígenas, unidades de conservação, entre outras–, que abrigam 108.036 km² de Carajás, o desmatamento atingiria 67,6% da área do novo Estado. Além disso, dos 20 municípios que mais desmataram na história do Brasil, nove estão no que seria o futuro Estado de Carajás.
Em Tapajós a situação é bem diferente: dos 732.509 km² do possível novo Estado, 53.239 km² foram desmatados, o que representa 7,26% do total. Ajuda o fato de a maior parte (73,5%) do território tapajoara ser coberto por áreas de proteção.
Os principais focos de desmatamento na região concentram-se às margens dos rios Tapajós e Amazonas –nos arredores de Santarém– e ao longo da rodovia Cuaibá-Santarém.
Na avaliação da geógrafa Ane Auxiliadora Alencar, pesquisadora do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), a divisão do Pará poderia provocar o aumento do desmatamento nas regiões de Carajás e Tapajós, já que toda a estrutura de fiscalização de cada Estado terá de ser criada.
“Esses Estados novos precisarão de estruturas bem montadas de combate ao desmatamento, mas esse processo demora anos. O período sem governança nessa área pode causar um impacto grande no desmatamento, já que hoje não há uma estrutura federal que garanta a proteção”, afirma.
Fonte: UOL
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