A despeito da legislação que estúpida e equivocadamente estabelece um prazo, datas e períodos para se fazer política, a eleição de 2012 já esta na pauta do dia. Acompanhando as discussões estabelecidas nos diversos blogs e sites, isso fica evidente.
A falta de uma candidatura capaz de tirar o eleitor da apatia atual se justifica pela ausência de políticos que tragam credibilidade ao ato de fazer política. É tudo muito previsível e todos sabem para onde vai a carroça e quais os interesses que serão atendidos no caso dessa eleição plebiscitária que nos é oferecida há 16 anos entre o grupo de Lira Maia e o grupo PT/PMDB, para ser mais explicito: os Martins e Antonio Rocha. Esse cenário político é desolador. Se nas últimas eleições a ausência e a anulação do voto chegou aos 25%, é possível que alcancemos os 30% ou quem sabe um pouco mais nessas eleições.
Em 2004 o eleitor foi às urnas depositando suas expectativas de mudanças na candidatura de Maria do Carmo Martins. Passada a euforia inicial, já em 2006, podíamos ver que o arco de aliança do governo Ptista de Maria era um balaio de gatos fisiológico. Sem um programa de governo, esteve mais para uma sociedade de cotas, onde o objetivo sempre foi chegar e permanecer no poder a qualquer custo e por todos os meios.
A frase mais significativa da nova realidade a nós imposta pelo governo da mega coligação Ptista, melhor dizendo dessa sociedade de cotas com dinheiro público, foi proferida pelo deputado Antonio Rocha quando reivindicou um “naco” do Hospital Regional. Logo, o clima de otimismo e a esperança que a eleição de Maria injetou na população, tomou um choque de realidade.
Se é possível apontar alguns avanços pontuais do governo Maria em relação ao período Lira Maia, como é evidente na política e gestão da educação e também nas questões ambientais, no caso específico dos Ptistas, que são um pouco mais sensíveis ao problema. É possível também dizer que o governo de Maria do Carmo foi pífio, atabalhoado e sem planejamento, sempre com inaugurações e ações eleitoreiras às vésperas das eleições.
Basta comparar o volume de recursos que ingressaram no município nos 8 anos do governo Lira Maia e nos 8 anos de Maria do Carmo, logo fica evidente que o governo Maria podia ter feito muito mais. O que Maria do Carmo fez muito bem, foi criar cabide de empregos para agasalhar os aliados e estruturar uma máquina Ptista com intuitos eleitorais.
Desde o final de 2006 fica evidente que o governo Maria, desprovido de programa e qualquer traço ideológico, não traria avanço social significativo. Santarém apenas trocava um grupo por outro com a mesma característica essencial ou seja a apropriação do poder para atender demandas partidárias, realizar contratos que hoje são alvo de inquérito, caso de Lira Maia e que no futuro bem próximo serão, caso de Maria do Carmo. Faltou a ambos, programa de governo, espírito público, ética e seriedade na gestão do dinheiro público.
Se em 2004 Maria era uma esperança de mudança, em 2008 se reelegeu não mas por significar novos horizontes, e sim porque a conjuntura estadual e nacional a favorecia. O povo sem opção viável, entendia que o retorno de Lira Maia isolado do governo estadual e federal seria um retrocesso. Maria conseguiu fazer um segundo governo pior que o anterior, mesmo com mais recursos e a presença de investimentos do Governo Federal cuja gestão ainda será alvo de muito esclarecimento.
Agora vai para as eleições com mais uma atabalhoada sequencia de inaugurações eleitoreiras, tentando passar atestado de idiota ao eleitor. Subestima-nos a tão ponto que insiste em um candidato que nem poste consegue ser, um poste não tem autonomia e não tem propostas, mas todos conseguem vê-lo. Inácio Correa é invisível, parece que sua natureza o formatou para ser sombra, não passa firmeza e a população sabe que como prefeito será um obediente auxiliar dos Martins e seu grupo Ptista.
Em uma eleição majoritária, bem mais que a legenda, o eleitor visualiza o candidato. É o candidato que terá ou não a capacidade de mobilizar a atenção do eleitor, que terá ou não a capacidade de alimentar a esperança do eleitor em dias melhores. Assim, chegamos à eleição de 2012, e nos é dado como fato consumado mais uma eleição plebiscitária entre dois grupos desgastados, carentes de credibilidade, que não corresponderam às expectativas da população.
Sem opção, apático, sem compreender a ciranda partidária e de saco cheio dos governos Lira Maia e da Ptista Maria do Carmo o eleitor precisa de uma injeção de novas ideias, capazes de lhe devolver o entusiasmo. Precisa de propostas viáveis que venham de encontro aos seus anseios de mudança, mas, sobretudo, precisa de alguém em quem possa confiar, capaz de introduzir uma nova energia no processo eleitoral, que represente um movimento comprometido com mudanças e avanços sociais, gente que esteja mobilizada pelo espírito público e compromissos com o futuro das novas gerações.
Desde 2006 o quadro político vem nos trazendo novos nomes e consolidando outros já há algum tempo na cena política. Tivemos o vice-governador Odair Correa que se perdeu nos deslumbres da função, e que, como ele mesmo já me afirmou, sofreu sabotagens e fogo amigo de toda espécie e direção, mas é fato que não soube ter habilidade política para fazer valer o pouco que lhe coube no latifúndio Ptista de Ana Julia. Sucumbiu como candidato a Deputado Federal com uma votação pífia e teve votação ridícula na cidade de Santarém.
Vimos surgir Helenilson Pontes, para um principiante, e a despeito da campanha milionária para os padrões de nossa região, com excelente resultado nas urnas quando de sua candidatura a Deputado Federal. Assim como Odair Correa, elegeu-se vice-governador graças a composição política que levou Jatene ao poder e pela recusa de outros membros do PPS que declinaram do convite para ser vice.
Nessa breve trajetória Helenilson Pontes revelou-se um exemplo de covardia política quando se eximiu em ter uma participação efetiva no plebiscito, coisa que nem o governador Jatene fez. Vive agora de tentativas de emplacar como um bom executivo na gestão pública, lança novidades como factoides. Andou fazendo negócios da “China” para o povo paraense, assim como já se saiu com a ideia de uma ALCA para Santarém e depois na carona do Senador Flexa Ribeiro propôs uma ZPE.
Há pouco tempo lançou no ar o seu novo projeto: criou um tributo estadual sobre a extração mineral. No caso de o Supremo declarar a Inconstitucionalidade, o que provavelmente irá acontecer, esse será o grande Mico do governo Jatene e Helenilson será o nosso Mico Leão Dourado. Com o agravante de ter sido omisso diante do maior evento político da história de Santarém e região, quando estava em jogo a nossa autonomia política e econômica.
Nélio Aguiar, principal representante do povo nordestino de nossa região, assim como Emir Aguiar e Helenilson Pontes, é sempre mencionado como possível candidato a Prefeito de Santarém. Além de médico atuante é um dos principais divulgadores da cultura nordestina. Dinâmico, tem experiência legislativa, já foi gestor do Hospital Municipal e presidente do principal clube social de Santarém, o Atlético Cearense e apesar de toda essa exposição, não se sabe o que pensa Nélio Aguiar politicamente, parece insípido, inodoro e incolor.
Nélio não tem bandeiras nem posicionamento ideológico, não se manifesta sobre questões ambientais, não sugere políticas econômicas, tem uma tímida atuação na área da saúde, seu campo profissional, se esquivando dos confrontos de ideias e sobre concepções de gestão na área da saúde. Nélio está sempre afeito a uma composição que possa trazer benefício a ele e seu grupo. Como os outros dois principais líderes da colônia nordestina, Emir e Helenilson, Nélio pratica a política do macaco, só solta um galho quando a outra mão ou o rabo já está seguro em outro. São políticos cujos ideais são sempre a própria sobrevivência política e a permanência no poder.
Os Correa, com um século de presença no poder municipal, dessa vez não tem cacife para a disputa. Maurício Correa é uma ficção com pífia atuação na Câmara Municipal e seu irmão um desastre na Secretaria do Meio Ambiente. Assim Rui Correa retorna para ocupar uma vaga de vereador e garantir o poder de barganha dos Correa para aquinhoar bons “nacos” da administração pública. Seja qual for o governo, os Correa vão querer cadeira no poder, e se recusados, estarão conspirando contra.
O PSOL nos trouxe o nome de Marcio Pinto, mas a candidatura de Marcio fica reduzida ao movimento sindical e de classe, demais restrito em Santarém. E a figura de Marcio não possui o carisma necessário, capaz de contagiar o eleitor apático e desinteressado na política.
Dentre os nomes que nos surge como alternativa, a grande novidade sem duvida vem das fileiras do Partido Verde, Erik Jennigs, médico conceituado, mesmo antes de possuir filiação partidária manifestava-se como cidadão e também nunca se omitido como profissional. Sempre se manifestando sobre os problemas do Hospital Municipal, esteve desde o primeiro momento reivindicando a abertura do Hospital Regional, na época, alvo de disputa política partidária, que só prejuízos trouxe a nossa população.
Professor universitário, jovem, adepto de um estilo de vida alternativo, praticante de esporte, sempre se posicionou como ambientalista combatendo a ocupação das praias por jipeiros e rallys de motocicletas, e sobre tudo, procurando veicular informações sobre questões relacionadas ao meio ambiente e ecologia. É médico dos índios Zoé, um dos poucos povos indígenas isolados da Amazônia, também um respeitado neurocirurgião, que mesmo podendo exercer sua profissão com êxito e grande visibilidade em um grande centro, escolheu Santarém para trabalhar e viver.
Sem fazer política partidária ou de conveniência, Erik Jennigs é um ser político. Sempre firme nos seus posicionamentos, não se esquiva dos problemas relacionados à classe médica com declarações corporativas. Com grande sensibilidade social, esteve ao lado da população, especialmente dos que não tem recursos e precisam dos serviços públicos de saúde, sempre combatendo o descaso do Município e Estado reivindicando melhores condições de atendimento e trabalho. Hoje dirige o Hospital Regional, que certamente continua a ter muitos problemas, mas com toda certeza, agora possui regras e essas regras são respeitas, não sendo mais terreiro de políticos dando jeitinho para atender suas demandas e mandando mais que médicos e funcionários dentro do hospital.
Ético, honesto, íntegro, independente financeiramente por sua qualificação profissional, Erik Jennigs ainda não tem o seu nome massificado junto a nossa população, mas goza de credibilidade que nenhum candidato, pré-candidato ou político de Santarém se aproxima. Para os que conhecem sua conduta profissional e como cidadão Erik é uma unanimidade. Certamente, hoje, seria o único candidato capaz de contagiar grande parte dos eleitores desencantados com a política, especialmente os jovens e a comunidade acadêmica, onde é conhecido e admirado.
Outras opções com vasta experiência em pleitos eleitorais são José Maria Tapajós e Reginaldo Campos, mas ambos não conseguem ultrapassar os seus feudos eleitorais e os limites da política clientelista de atendimento as suas comunidades.
Mas é bom considerar que Reginaldo Campos e Marcio Pinto são ótimos nomes para uma candidatura a vice-prefeito. E que PSB e PSOL são partidos importantes na composição de uma frente de oposição aos dois grupos políticos hegemônicos PT/PMDB (Martins /Antonio Rocha) e PSDB/DEM (Von/Maia). Se unidos, PSB, PSOL, PC do B, PPS e PARTIDO VERDE podem determinar a diferença e dar ao eleitor uma real alternativa de mudança, sentimento que já é latente no seio da sociedade.
São partidos com perfil ideológico claro, comprometidos com as demandas populares e podem estabelecer uma aliança alicerçada em um programa de governo. Juntos terão tempo de Rádio e TV e militância suficiente para levar a campanha às ruas. Só precisão de muito espírito público, nenhuma vaidade, terem a real noção de seu capital político e saberem onde e como cada um pode contribuir para fazer crescer a campanha. A eleição para Prefeito de Santarém é decidida na sede do município, em sua área periférica e urbana, onde se concentra a maioria dos eleitores e área onde uma candidatura alternativa como a de Erik Jennigs pode crescer e se tornar vitoriosa.
Todos nós que sonhamos com mudança, estamos diante de um momento em que é preciso ter coragem e desprendimento. Coragem não significa risco gratuito nem atitude suicida; bravura não é bravata e muito menos blefe, recurso comum aos trapaceiros. Coragem é uma atitude necessária e inadiável que trás consigo o risco de perdas e de confronto com o status quo. Essa atitude, se determinada, pode significar libertação, mudança, transformação, ruptura com algo que nos oprime e que se impõe acima de nossas vontades.
PS. Esse texto foi escrito há cerca de 30 dias quando ainda não havia sido veiculada a noticia que Erik Jennigs teria desistido de sua candidatura. Não gosto da ideia de esperar mais 4 anos e ter que aceitar mais uma eleição plebiscitária entre o ruim e o péssimo. Continuarei trabalhando por uma alternativa comprometida com o futuro e as mudanças que Santarém tanto precisa.
Não conheço Rubson Santana e o pouco que sei do PSC é que seria um Partido que segue orientação humanista cristã. Pela disposição do Partido de enfrentar o coro dos contentes e propor uma candidatura, seria mais uma sigla para compor uma frente de pequenos partidos na direção de uma candidatura única.
Paulo Cidmil
Produtor Cultural filiado ao PPS/STM
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