sábado, 10 de setembro de 2011

EU, MEU AVÔ E O POETA


Eu era apenas uma pequena menina, nas tardes de verão, junto com meu avô passeava pelos parques e praças de Porto Alegre. Entre os passeios no Parque Moinhos de Ventos, ou Parcão como todos conhecem, no Parque Farroupilha, mais conhecido por Redenção, a praça Dom Feliciano, na frente da Santa Casa, aos domingos, muitas vezes fomos ao Estádio Olímpico ver o Grêmio jogar (meu avô era gremista doente, foi ele que me ensinou a ter o coração tricolor), mas como eu dizia, entre essas andanças, há uma praça que marcou a minha infância, a Praça da Alfândega, na Rua da Praia. Na praça, eu e meu avô encontrávamos um amigo, outro velinho, que me pegava no colo e eu ficava escutando a conversa dos dois. Meu avô, foi motorneiro de bonde e o velhinho, seu amigo, era poeta. Eu somente soube quem era aquele velhinho realmente, alguns anos depois na escola, quando li em um livro um poema, que muitas vezes ele, a meu pedido recitava para mim:

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!

O poeta se foi em 1983 e suas recordações estão eternizadas em seus livros e poesias, meu avô se foi em 1989, deixando comigo o seu amor e ensinamentos que nunca vou esquecer, os dois para mim, estão lá em cima entre as nuvens, são os meus dois passarinhos! Hoje, quem passa na Praça da Alfandega em Porto Alegre, pode ver o banco que o poeta sentava, está lá ainda, marcado com uma estátua dele e de Carlos Drumond de Andrade

por: Lena Lopez


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