Padre Edilberto Sena faz seu desabafo e critica políticos, Cargill e PT
Padre Edilberto Sena faz seu desabafo
O sempre polêmico padre Edilberto Sena é o entrevistado da semana. Ao ser questionado sobre alguns temas que se acentuam de forma relevante em nosso cotidiano, o religioso escancara-se em sinceridade e faz críticas aos políticos, governos e empresas, que para ele não contribuem com o desenvolvim ento do país. Acompanhe a íntegra do que disse Edilberto ao colunista Ronaldo Campos.
Ronaldo Campos: Você sempre foi conhecido como um padre de esquerda, desde muito jovem, inclusive nas missas durante a pregação do sermão, contrariando fieis opositores a seu pensamento, alguma coisa mudou?
Padre Edilberto: Se pessoas me classificam de padre de esquerda, não me sinto elogiado, nem ofendido. Diria que fui amadurecendo meu compromisso com Jesus Cristo e seu projeto. Ele mesmo era um rebelde diante da hipocrisia das elites políticas (Herodes), imperialistas (Roma) e religiosas (os doutores da lei). Rebelde no sentido de quem questiona a situação injusta e as elites hipócritas que se opõe a um mundo novo possível.
Ronaldo Campos: Como foi para se transformar em um ardoroso ambientalista?
Padre Edilberto: O rótulo de ambientalista me incomoda um pouco, por que há ONGs que se aproveitam do rótulo para manter emprego. Me sinto melhor com a identificação de Amazônida, que inclui também a defesa do meio ambiente, mas em função dos seres humanos que precisam do ambiente saudável e perene. Muitos ambientalistas e o próprio governo central do Brasil, ignoram que existem cerca de 25 milhões de seres humanos nesta grande Amazônia, ribeirinhos, quilombolas, pescadores, indígenas, pequenos produtores, desempregados, e uma pequena elite econômica que usufrui a maior parte das riquezas da região. Por isso e em busca de uma sociedade justa e fraterna é que assumo minha identidade. A teologia da libertação me ajuda na espiritualidade comprometida.
Ronaldo Campos: O PT, antes de ser governo, sempre contou com sua admiração, você sempre foi uma figura respeitada nos seus posicionamentos e olhado como petista. Como analisa os 8 anos do governo Lula, o país melhorou ou piorou?
Padre Edilberto: Se no casamento o cristão não aceita o divórcio, na política fui obrigado a me divorciar do PT. Se em 2003 a Esperança venceu o medo, Lula da Silva, em oito anos inverteu o lema. Para mim, em 2010 descobri que não há mal menor e nas últimas eleições ainda caí nesta ilusão. Dilma não era o mal menor e para a nossa Amazônia ela é um dos cinco inimigos de nossa soberania cultural, econômica e territorial. O PT se tornou um embuste para nós que acreditávamos que Lula representava a mudança de modelo de governar. Sua mal célebre Carta ao Povo Brasileiro, de dois meses antes da primeira eleição, foi uma farsa que não percebemos na hora. Aliás, essa foi a grande perícia do Lula da Silva, capacidade de iludir a platéia com frases de efeito popular, gafes engraçadas, mas sabendo o que fazia. O PT hoje é um partido qualquer.
O sempre polêmico padre Edilberto Sena é o entrevistado da semana. Ao ser questionado sobre alguns temas que se acentuam de forma relevante em nosso cotidiano, o religioso escancara-se em sinceridade e faz críticas aos políticos, governos e empresas, que para ele não contribuem com o desenvolvim ento do país. Acompanhe a íntegra do que disse Edilberto ao colunista Ronaldo Campos.
Ronaldo Campos: Você sempre foi conhecido como um padre de esquerda, desde muito jovem, inclusive nas missas durante a pregação do sermão, contrariando fieis opositores a seu pensamento, alguma coisa mudou?
Padre Edilberto: Se pessoas me classificam de padre de esquerda, não me sinto elogiado, nem ofendido. Diria que fui amadurecendo meu compromisso com Jesus Cristo e seu projeto. Ele mesmo era um rebelde diante da hipocrisia das elites políticas (Herodes), imperialistas (Roma) e religiosas (os doutores da lei). Rebelde no sentido de quem questiona a situação injusta e as elites hipócritas que se opõe a um mundo novo possível.
Ronaldo Campos: Como foi para se transformar em um ardoroso ambientalista?
Padre Edilberto: O rótulo de ambientalista me incomoda um pouco, por que há ONGs que se aproveitam do rótulo para manter emprego. Me sinto melhor com a identificação de Amazônida, que inclui também a defesa do meio ambiente, mas em função dos seres humanos que precisam do ambiente saudável e perene. Muitos ambientalistas e o próprio governo central do Brasil, ignoram que existem cerca de 25 milhões de seres humanos nesta grande Amazônia, ribeirinhos, quilombolas, pescadores, indígenas, pequenos produtores, desempregados, e uma pequena elite econômica que usufrui a maior parte das riquezas da região. Por isso e em busca de uma sociedade justa e fraterna é que assumo minha identidade. A teologia da libertação me ajuda na espiritualidade comprometida.
Ronaldo Campos: O PT, antes de ser governo, sempre contou com sua admiração, você sempre foi uma figura respeitada nos seus posicionamentos e olhado como petista. Como analisa os 8 anos do governo Lula, o país melhorou ou piorou?
Padre Edilberto: Se no casamento o cristão não aceita o divórcio, na política fui obrigado a me divorciar do PT. Se em 2003 a Esperança venceu o medo, Lula da Silva, em oito anos inverteu o lema. Para mim, em 2010 descobri que não há mal menor e nas últimas eleições ainda caí nesta ilusão. Dilma não era o mal menor e para a nossa Amazônia ela é um dos cinco inimigos de nossa soberania cultural, econômica e territorial. O PT se tornou um embuste para nós que acreditávamos que Lula representava a mudança de modelo de governar. Sua mal célebre Carta ao Povo Brasileiro, de dois meses antes da primeira eleição, foi uma farsa que não percebemos na hora. Aliás, essa foi a grande perícia do Lula da Silva, capacidade de iludir a platéia com frases de efeito popular, gafes engraçadas, mas sabendo o que fazia. O PT hoje é um partido qualquer.
Ronaldo Campos: E as obras do PAC em Santarém, inclusive as casas populares, espera serem concluídas?
Padre Edilberto: Se originalmente já era um consolo para pobre, enquanto a maior parte do recurso do PAC estava destinada a cumprir compromisso com o grande plano de corredores e infraestrutura para escoamento das riquezas da Amazônia para o grande mercado, via oceanos, Atlântico e Pacífico, o plano IIRSA, na prática, o PAC Santarém foi entregue a mãos irresponsáveis para administrar. Até hoje, por exemplo, as autoridades não esclarecem as razões, as causas para a paralisação das obras. Já falam em PAC 2 e os bairros atingidos pelas obras sofrem as conseqüências da irresponsabilidade de quem administra a coisa pública. Onde ficaram os falados 75 milhões de reais do PAC saneamento de Santarém? Quanto e como foi gasto o que foi gasto e o restante onde está?
Ronaldo Campos: Como vê os 11 meses iniciais do governo Jatene e a atuação de seu vice em favor de Santarém?
Padre Edilberto: O governo Ana Júlia foi aquela vergonha nacional. O governador Jatene sabia do abacaxi que iria receber, mas insistiu em ser candidato e ganhou a eleição, portanto não tem porque lastimar o que todas as pessoas sensatas já sabiam. Esse caso da violação dos direitos dos educadores do Pará é inaceitável. Se o governo anterior não cumpriu a lei do piso salarial dos professores, não é motivo para o atual não cumprir. Definitivamente educação não é prioridade para este e outros governos. Dizer que não tem dinheiro para cumprir a lei é no mínimo irresponsabilidade com educação. Bastaria ele revelar com total transparência, como é gasto o recurso do Estado, quanto é gasto com centenas de funcionários DAS, e representações desnecessárias, quanto é gasto para manter aviões do Estado, para então cortar todos os gastos secundários para priorizar educação. Como Jatene não faz isso, para mim está evidente que ele não prioriza educação para os outros, porque para os netos e sobrinhos dele tá garantida educação de qualidade em escolas privadas.
Ronaldo Campos: Acredita na criação do estado do Tapajós em função do resultado do plebiscito se for aprovado?
Padre Edilberto: Creio na necessidade, mas sinto que o desafio ultrapassa nossas forças. Manoel Dutra mostrou em recente artigo em seu blog, que o processo de criação de novo Estado é meio ilusório para os nativos. O plebiscito soberano poderá chegar ao SIM, o que espero. Mas quem decidirá o novo Estado é o Congresso nacional. Há aí certa farsa, pois se o plebiscito é soberano e as populações afirmarem que querem, por que o Congresso Nacional tem que dar a última palavra. Ainda mais que o interesse mesquinho de controle da política e da economia é o que move os congressistas do sul e sudeste do país? Mesmo assim, me sinto militante do novo Estado, sabendo eu que esse processo levará ainda uns 5 ou 10 anos para se concretizar. Nesse meio tempo, nós formadores de opinião: igrejas, sindicatos, associações, elite econômica, políticos, ao menos os ficha limpa, temos possibilidade de promover formação política de nossas bases. Precisamos formar novos políticos éticos, cidadãos, que compreendam a política como serviço e não como carreira bem remunerada.
Ronaldo Campos: Você é contra a permanência do porto da Cargill?
Padre Edilberto: Se a sociedade santarena tivesse memória, se os políticos da região tivessem coerência e ética, deveriam hoje fazer um mea culpa, minha máxima culpa por terem aplaudido a vinda da multinacional a Santarém. Onze anos atrás, uns poucos movimentos sociais previram a desgraça que é esse porto multimilionário, invadindo a praia, o rio, a cidade, além de ser a garantia da invasão da soja no planalto, soja que é toda escoada para o exterior em bruto, sem pagar imposto de exportação por causa da famigerada lei Kandir. Em sã consciência qual o saldo deste porto que privatizou uma parte do rio e da paisagem da cidade? Quantos empregos gera hoje, quanto desenvolvimento humano trouxe para a cidade e a região? Uma empresa muito menor, como a Pematec gera cerca de 300 empregos diretos na sua fábrica aqui no município, além de estimular a agricultura familiar na produção de fibra, enquanto que a Cargill com seu porto de 20 milhões de dólares, ultra moderno, contribui com que para a região? E aí chega mais um sinal de seu NÃO compromisso com nossa região. Por que ela não contribui para a campanha do novo Estado…? Se ela fosse transparente diria que não pode porque depende inteiramente do atual governo do Pará, pois sua licença provisória quem lhe renova é a SEMA. A Cargill continua sub judice em processo misteriosamente estagnado na Justiça Federal em Brasília. Enquanto isso, a SEMA segura a permanência do porto ilegal em Santarém. Aí, os militantes do novo Estado engolem em seco o NÃO da multinacional, não dizem nada porque boa parte deles e delas apoiaram a instalação do estranho monstro do Lago Ness, digo, rio Tapajós.
Nota: em momento oportuno, após o Plebiscito, prosseguiremos com a 2ª parte da entrevista desse guardião da fé e da natureza.
Por: Ronaldo Campos
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