terça-feira, 15 de novembro de 2011

TUDO O QUE NÃO PRESTA ESTÁ NO PARÁ, A SOLUÇÃO URGENTE É DIVIDIR ESSA JOÇA

PARÁ TEM AS CIDADES BRASILEIRAS MAIS VIOLENTAS.

Nesta cidade, mata-se por brincadeira. Não gosta da cara do outro, sai tiro. A violência é demais e estamos com medo. Após 25 anos morando aqui, decidimos ir embora. A vida não vale nada em Itupiranga”. A frase é do pescador Francisco Gomes da Silva, de 66 anos, que teve o filho João Cipriano Gomes, de 34 anos, assassinado na última semana de outubro na cidade considerada pelo Ministério da Justiça como a mais violenta do país. Localizada a 55 km de Marabá (PA) e com população de cerca de 51 mil habitantes, Itupiranga apareceu no ranking do Mapa da Violência 2011 do governo federal com taxa de 160,6 homicídios por 100 mil habitantes, conforme dados de 2008.

Tanto Itupiranga como Marabá encabeçam a lista das cidades mais inseguras no Brasil com mais de 10 mil habitantes. Isso contribui para o que o novo estado de Carajás, que pode ser criado caso a população decida separar o Pará no plebiscito de 11 de dezembro, já nasça com a preocupação de combate contra a criminalidade.

As mortes normalmente são motivadas por rixas, vinganças ou desentendimentos fúteis. Para as polícias Civil e Militar, o grande número de vilarejos distantes, com população variando entre mil e 7 mil habitantes, além do reduzido efetivo, dificultam o combate aos assassinatos, provocados na maioria por facas, espingardas ou armas caseiras. A PM tem apenas 33 homens em toda a cidade, sendo que dois grupos de 4 ficam lotados especificamente em duas comunidades. Já na delegacia, é só um delegado, dois investigadores e um escrivão que se revezam no atendimento.

Temos povoados, como Cruzeiro do Sul, que ficam a 200 quilômetros da área. Na época da chuva, leva-se quase um dia para chegar lá de carro', diz o capitão Kojak Antônio da Silva Santos, que assumiu o policiamento da cidade em julho, após a divulgação do Mapa da Violência.

Pai relata o medo vivido pela família após a morte do filho de 25 anos. Dias depois de meu filho morrer mataram outro homem, de família rica, e acham que temos ligação com isso. O medo para nós é tanto que nem fui atrás ver quem tinha matado meu filho. A gente não deve, mas eu estou com medo, decidi pegar meus filhos e ir embora. Violência gera violência e quem quer viver, tem que procurar tranquilidade', diz o pescador, que fez um empréstimo no banco para deixar a cidade.

‘Não conseguimos mais dormir, ficamos doentes. Isso não é vida. A qualquer hora pode chegar alguém aqui, em uma moto, dar um tiro e depois some. São sempre assim os casos', afirma Francisca. ‘Aqui neste lugar, falta tudo.

Além da violência, não tem emprego, não tem saúde. Se a pessoa não tem o que fazer, vai para a criminalidade. A gente vai votar no ‘sim’ à separação. Acha que, se criar o Carajás, as coisas vão melhorar. O dinheiro vai ficar aqui nas nossas terras', diz o pescador José Francisco da Silva, de 41 anos. Segundo o delegado Vinicius Cardoso das Neves, que responde pela cidade, a maioria dos assassinatos não está mais ligada a brigas latifundiárias, como nas décadas de 80 e 90.

Hoje, o tráfico de drogas é o fator que gera preocupação e assassinatos na cidade, principalmente no bairro Caveirinha, próximo ao cemitério local. Outra motivação são dívidas ou motivos fúteis, como traição.

Prendemos recentemente um homem que matou uma mulher a facadas após ter relações com ela, e também um adolescente de 17 anos que matou a tijoladas outro colega por causa de drogas', afirma. 
 
O Liberal e Espalha Brasa

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