Miguel Angelo de Siqueira Sampaio, 30 anos, era só mais um garoto que queria ver a lua e as estrelas bem de perto, e o planeta Terra bem de longe. Quando criança, sonhava ser astronauta, viajar pelo espaço e descobrir a sensação da profissão que desperta o fascínio de muitas pessoas desde o início da corrida espacial na década de 60.
Nascido em Santarém, em 1982, cresceu vendo o pai, mecânico de caminhões, construir as próprias ferramentas e tocar uma pequena oficina na Avenida Curua-Una, e logo tomou gosto pelo ramo da engenharia. Foi aí que a vontade de conhecer outros lugares pelo mundo e se tornar um astronauta amadureceu junto com o garoto.
Ao chegar o momento de prestar vestibular, em 2000, o desejo era estudar engenharia, curso que não existia em Santarém. Mas, como nem tudo na vida é fácil e os pais de Miguel não podiam mantê-lo em Belém ou Manaus, ingressou no curso de matemática na Universidade Federal do Pará (UFPA) e resolveu tentar fazer carreira em Santarém mesmo. Mas, greves e falta de estrutura da universidade, aliados ao fato de não estar estudando o que queria, levaram o garoto a buscar outros ares.
Foi quando resolveu fazer a prova do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), um dos mais concorridos e mais difíceis da América do Sul. “Para ser honesto, eu não tinha muita informação sobre o que era o instituto. Vi um cartaz no colégio que dizia que tinha curso de engenharia eletrônica, era da Força Aérea e que dava alimentação, alojamento e estudo grátis. Coloquei na minha mente que iria passar. A concorrência era de oitenta e dois candidatos por vaga. Estudei em casa, usei muito a biblioteca da Casa de Cultura”, conta Miguel, lembrando que no início da década passada não havia muitas informações na internet e era difícil estudar, mas foi aprovado para cursar engenharia eletrônica no ITA.
Com a aprovação, o santareno foi morar em São José dos Campos, interior de São Paulo, formando-se em 2006. Atualmente, é coordenador técnico do subsistema de energia do Satélite Amazônia I, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que deve monitorar a região para o controle do desmatamento e será lançado em 2014.
Atualmente, Miguel mora em São Paulo, mas está cursando engenharia espacial na International Space University, em parceria com a University of South Austrália, em Adelaid, na Austrália. “Devido ao meu desempenho, fui enviado pela minha empresa para fazer o curso. Estou aqui desde o Réveillon. Foi muito importante para mim, não só em termos de carreira, mas também porque realizei um sonho de conhecer o mundo, de dar a volta no planeta”.
E foi na Austrália que o santareno soube da competição para um voo pelo espaço.
A competição
Uma marca de desodorante está recrutando jovens do mundo todo para uma viagem ao espaço. Inicialmente, haverá um desafio nacional, o qual irá selecionar oito brasileiros por meio de votação pelo site da empresa. Estes viajarão para Orlando (EUA), onde passarão pelo processo final de seleção. Nesta etapa, os candidatos irão participar de três missões de treinamento. Um grupo de especialistas vai selecionar os 22 mais bem preparados para ir ao espaço.
Os vencedores da competição viajarão a 103 km de altitude com uma empresa de turismo, em dezembro de 2013.
Chances do santareno
Para que o santareno fique entre os oito candidatos que serão selecionados na etapa nacional, é necessário ter, pelo menos, 10 mil votos pela internet, sendo que o total conquistado por ele até o momento ultrapassa 1.500 votos. Até a publicação desta matéria, Miguel estava entre os 40 mais bem colocados. “Acho que é muito factível, e se o povo de Santarém me ajudar, posso conseguir sim. Estou acreditando nisso. Além do que, as pessoas vão saber que tem um santareno a frente de parte das atividades do programa espacial brasileiro”, acredita.
A votação encerra no dia 21 de abril. Para votar, basta acessar o link da competição clicando aqui.
Notapajós
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