Penitenciária de Santarém é a casa da mãe Joana
A irmã de um detento da Penitenciária Agrícola Silvio Hall de Moura em Cucurunã, Santarém, oeste do Pará, que preferiu não ser identificada confirmou na tarde de terça-feira (10) à equipe de reportagem da TV Tapajós que os presos utilizam telefones celulares na Casa Penal.
“Tem toda a facilidade. Apesar da própria direção dizer que não tem essa possibilidade é porque eles não querem expor a imagem deles, porque eles (direção) acham que só os internos são errados. Então há a possibilidade de se comunicar com eles sim, através do celular. Com toda certeza, eu afirmo. Não são todos os internos, mas a maioria tem contato com pessoal aqui de fora. Eles (direção) sabem, mas encobrem”, garante.
Segundo ela, há falhas na segurança dentro da unidade prisional, pois além de celulares “droga entra ali porque tem essa facilidade. Então acontece tudo isso lá dentro”, conta.
Ontem um homem que se identificou como Ricardo, e afirmou ser detento de Cucurunã fez contato com a TV Tapajós por telefone de dentro da Penitenciária e ameaçou fazer motim no presídio: “Pode haver muitas mortes aqui dentro, entendeu? Estão tudo solto, já... pra guerra, pra tudo, entendeu? Pra morrer ou pra matar, entendeu?”, ameaçou.
Os presos provisórios fazem greve de fome desde segunda-feira (9). De acordo com a Superintendência do Sistema Penal do Pará (Susipe), o motivo seria o cancelamento de um mutirão carcerário a ser realizado pela Justiça.
Mas a irmã do detento disse que o verdadeiro motivo seria porque a direção está proibindo a entrada de alguns alimentos na unidade e para protestar, os internos passaram a ficar sem comer. “Essa greve é porque proibiram a entrada de alimentos. Não todos, mas certos alimentos. Inclusive o suco, eles proibiram a entrada. É para entrar no máximo dois pacotes de suco. Isso acontece porque houve um problema com a mãe de um interno que levou dinheiro acima do permitido e mesmo eles sabendo quem era o interno e a mãe, por um pagou todos. E também é por melhoria da comida e de atendimentos porque eles ficam doentes e os agentes não tão nem aí”, enfatiza.
Sobre o mutirão, ela afirma que foi realizado. “Eu não sei se foi cancelado, mas tava tendo. Não diretamente dentro do presídio, eles não chegaram a falar com interno nenhum, fizeram apenas no Fórum”.
A jovem cobrou mais transparência da direção da Casa Penal: “Se eles sabem que isso acontece, porque eles não afirmam? Por que o medo, entendeu? E muitas vezes quando acontece motim que o Tático está espancando eles, porque eles escondem? Por que o motivo de não deixarem entrar reportagem se sabem que está acontecendo? Então eles esperam que ocorra de novo de visita sair de lá com a cabeça ferida com bala, e outras coisas como interno sair entre a vida e a morte?”,questiona.
Esta é a segunda vez que os detentos do Centro de Recuperação Agrícola Silvio Hall de Moura fazem greve de fome. A primeira foi em maio deste ano, quando os presos da casa penal e do setor de triagem da Polícia Civil não aceitavam alimentação para cobrar mais rapidez em seus processos na Justiça.
Susipe nega uso de telefones celulares na Penitenciária
A Susipe afirma desconhecer o uso de celulares de dentro do presídio, uma vez que a região em que fica instalada a unidade prisional não possui cobertura de telefonia móvel. A Susipe informa também que o protesto por conta do cancelamento do mutirão carcerário que seria realizado pelo poder judiciário no inicio de setembro, até então, é pacífico. Não há presos reféns. No entanto, o serviço de inteligência da superintendência penal do Estado acompanha a movimentação dos internos de todos os blocos carcerários da unidade prisional, e já solicitou reforço do Grupamento Tático Operacional da Polícia Militar para o caso de uma possível intervenção e manutenção da ordem.
Tribunal de Justiça afirma que mutirão foi realizado
Em nota, o Tribunal de Justiça do Pará (TJ-PA) informou que, nesta quarta-feira (11), a Corregedoria do Interior e o Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário vão reunir com os juízes das quatro varas criminais de Santarém para analisar a situação dos presos provisórios, que são, em grande número, provenientes de outras comarcas. Entre os dias 2 e 6 de setembro, foi realizado mutirão carcerário para verificar a situação dos presos provisórios e sentenciados da Comarca de Santarém, mas a Corregedoria e o Grupo de Fiscalização observaram que há um grande número de presos de outras comarcas. Diante dessa situação, o Tribunal de Justiça decidiu fazer um novo levantamento e analisar a situação para decidir que medidas tomar.
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