sábado, 9 de novembro de 2013

"ELES BATERAM NA MINHA CABEÇA E PISARAM NA MINHA MOTO". DISSE O JOVEM QUE FOI O PIVÔ DA 4º GUERRA MUNDIAL EM ORIXIMINÁ

Jovem disse que foi empurrado pelos agentes

Em entrevista, o jovem Carlos Diogo Tavares, 18 anos, afirma que foi agredido pelos agentes de trânsito da Coordenadoria Municipal de Trânsito (Comtran), durante uma blitz, na terça-feira (5), em Oriximiná, oeste do Pará.

Tavares conta que no dia da abordagem não havia barreira e o local era escuro. “Eles ficam na esquina. Eu passei, era para tá montada barreira, mas não. Eu acho que eles deixaram eu passar, aí quando eu cheguei na próxima, que se amontoaram na minha frente, nisso, um me bateu na cabeça e pisou a moto, aí eu perdi o controle e dei no meio-fio. Tem testemunhas que contam que me bateram depois de eu tá no chão”, lembra.

O jovem destacou que não foi o único a ser abordado com violência e denuncia que os agentes usaram máquinas de choque. “Eles não são agentes de trânsito. Eram seguranças contratados. Não foi só comigo que aconteceu eles estavam direto fazendo isso com as pessoas. Teve um que vinha passando na moto, ele pisou a moto, o rapaz caiu e quase perde a perna e teve outro que eles usaram máquina de choque nas costas dele”.

Apesar de não ter acompanhado os protestos dos moradores de perto, Tavares reconheceu que a população errou na maneira de se manifestar, depredando imóveis, queimando carros e roubando objetos, mas ressalta que a revolta dos moradores foi devido ao abuso. “Eles já estavam abusando. Foi revolta isso. Muita gente já comentava que qualquer dia ia acontecer uma coisa dessas, e aconteceu”.

Ele admitiu que estava sem capacete, mas disse que se houvesse uma barreira teria obedecido a ordem de parar.

O jovem está internado no Hospital Municipal de Santarém desde a quarta-feira (6). Após a abordagem dos servidores, o jovem sofreu vários ferimentos pelo corpo. O mais grave foi na cabeça. De acordo com a direção do hospital, ele não corre risco de morte.

O G1 tentou contato com os agentes, mas até a publicação desta reportagem, eles não foram localizados.

Entenda o caso

O tumulto iniciou após uma suposta abordagem violenta de agentes a um motociclista, durante uma blitz, na noite de terça-feira (5). Segundo informações de testemunhas que estavam no local, Carlos Diogo Tavares, que conduzia o veículo, não parou na barreira da Comtran, e por isso, um dos agentes teria chutado a moto e o agredido. Na ocasião, Tavares estava sem capacete. Ele caiu no chão, bateu a cabeça e foi levado para o Hospital Municipal de Oriximiná.

Após o acidente, a população tentou agredir os agentes Joelson Paranatinga e Carlos Dias, mas eles conseguiram fugir do local. A sede e as viaturas da Comtran foram incendiadas. 30 motocicletas que estavam na sede do órgão foram levadas e carros foram queimados. O protesto continuou durante a madrugada de quarta-feira (6) e chegou até a casa dos agentes que realizavam a operação. As residências deles foram depredadas.

Na quinta-feira, 12 motos foram encontradas e alguns objetos foram devolvidos à polícia pelos moradores. O prefeito de Oriximiná, Luiz Gonzaga Viana Filho afastou servidores do cargo de agente de trânsito.

A Polícia Civil do município abriu dois inquéritos. Um para apurar se os servidores são os autores da agressão ao jovem e outro para identificar quem são os autores das depredações e saques, que ocorreram em protesto à abordagem dos agentes. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Eduardo Simões, testemunhas presenciais já foram ouvidas e alguns vídeos e fotos estão sendo analisados.

Segundo Simões, se for comprovado que os agentes realizaram abordagem violenta eles devem responder, inicialmente, por lesão corporal grave.

G1


JK

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