domingo, 15 de maio de 2011

O poeta do Tapajós

Vivendo... divagando...

Vivo feliz neste cômodo pequeno,
Sem incomodar ninguém,
Ao encalço da suprema perfeição.
Escrevo ao enlevo da música que
Instiga minha alma e esta, acuada,
Transpõe as barreiras etéreas e sobrecarrega
O meu frágil coração.

Um desktop à minha frente é como
Um ente inteligente, numa nave espacial:
Navega a milhares de anos luzes,
Através do nada (que pode ser o tudo)
Nas dobras do espaço/tempo que só
Stephen Hawking é capaz de imaginar.

Pastas, livros, máquinas de calcular,
Corretivos, lápis, papéis e caneta.
Um gel pra inspirar o cheiro das raízes
E inalação de resina da casca da virola.
Combatem marolas depressivas
Renitentes...
Sei que são saídas evasivas,
Mas, como aliviam esta cruenta solidão!

Transporto-me, quando quero,
Para a sombra do meu sonho
E me ponho no teu regaço...
Tudo o que faço é pra te agradar:
Um cochicho sensual, um beijo
Nem sempre usual...
Um pedido proibido,
Mas consentido...

Lá fora o ar está viciado...
O trânsito, intransitável...
Parado, abafado...
Não dá mais para passear nas praças,
Nos bosques, nem palavrear
Com vizinhos e amigos na
Frente das casas...
Os arrastões podem passar!

Mas feliz vou e venho remando
A favor da corrente,
Lendo poemas e digitando
Os que faço.
Repassando as lembranças
E sonhando acordado.
E assim neste estado de travessia,
Ora no “ando”, ora no ”endo”
Minha vida divagando...
Meu destino vou vivendo...


Do advogado poeta e amigo Paulo Paixão

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