quinta-feira, 18 de julho de 2013

LEIA O RELATO DESSA PACIENTE: UM DIA DE CÃO NO HOSPITAL MUNICIPAL DE SANTARÉM

Anteontem, dia 16, por volta das 18:00, chegando em casa de mais um dia de trabalho (graças a Deus), fui tomar um caldo de tambaqui, do almoço, feito pela prima Roseane (estava uma delicia), e por um acaso engoli uma daquelas espinhas chatas do peito, em forma de uma cruz.

Banana, farinha e ate azeite de oliva, receitado pelo meu irmão Gilmar Belo engoli na tentativa de me ver livre daquele objeto estranho ao meu corpo. Não tem quando engolimos agua e rapidamente vem aquela convulsão por ter entrado no lugar errado? Pois é, mas com uma diferença: sentia pontadas. Algo perfurando meu peito! E como tinha engolido a espinha...

Dormi mais ou menos agitada e fui trabalhar. Mas comecei a passar mal, e os acessos de tosse estavam cada vez mais frequentes e com mais intensidade, me fazendo perder o ar, além da expectoração com sangue vivinho. Uma mistura de pavor, nervoso e preocupação me levaram ao Pronto Socorro Municipal. Cheguei lá as 11: 47, fiz a ficha e ai começou a minha via crucies.

Muita bagunça na espera. Não se sabia quem estava na vez e muita gente, muita gente precisando ser atendida. Afora aqueles que já tinham sido atendidos, mas ainda precisavam retornar ao medico. E apenas uma médica atendendo aquele horror de gente que tossia, gemia, chorava, desmaiava, sangrava, enfim...

Como sou apressada pra resolver as coisas, comecei forçar um pouco a barra pra ser logo atendida, já que a bagunça era total, um entrando na frente do outro, fui pra porta do consultório. Ai entrou mais uma medica o que agilizou o atendimento. Ainda deixei dois idosos e um que estava com a cabeça quebrada passar na minha frente. Entrei. Sentei. E a medica com o celular na mão, provavelmente no facebook me deixou esperando uns 10 minutos ate olhar pra mim e perguntar o que sentia. Disse: engoli uma espinha de peixe, e estou tossindo muito com sangue além de muita dor no peito. Ela, Dra. Luana, virou pra outra medica e perguntou: espinha de peixe é com o otorrino né? Sim, otorrino, respondeu Dra. Natasha.

Fui mandada para o fim do corredor para que fosse encaminhada ao otorrino. Não sei, se psicológico devido estar vendo tanta gente sendo (mal) tratada ali, que as dores que sentia no peito intensificaram tanto que também sentia na cabeça como tivesse vários corações pulsando e doendo em mim. Perguntaram-me varias vezes o tinha, e quando falava diziam que eu iria fazer uma radiografia. Mas a medica me encaminhou para o otorrino, mesmo falando que eu não tinha nada na garganta. Ainda perguntei a Dra. Luana se não seria o caso de uma radiografia, mas ela refirmou que o meu problema quem resolveria era o otorrinolaringologista. Quem sou eu pra duvidar.

Fiquei sem saber onde eu poderia ser encaminhada. Fui na sala de medicação, e bem na frente um balcão com três enfermeiras. Fiquei lá uns vinte minutos mais ou menos esperando que alguém viesse me atender. Ninguém. Fiquei insistindo, ei moça, ei enfermeira, onde é que eu posso verificar isso? Todas de costas faziam de contas que eram surdas. Ai veio uma moça olhou meus papeis e disse: fique ai que um enfermeiro já vai lhe atender. E só ele que marca isso. E o tempo se passando...e cada vez chegando mais gente ao redor daquele enorme balcão. E nada do enfermeiro. Ate que veio um rapaz de camisa azul, parecia segurança.. sei lá, e me pediu que eu saísse do balcao que ninguém ia me atender ali. Repliquei mas a moça me disse...Nao, va ali pra aquela porta que o enfermeiro vai atender lá. Aqui ele não atende ninguém!! Fui pra lá e mais duas mulheres me acompanhar também. Eu pro otorrino e as outras pro cardiologista.

Ficamos ali plantadas e quando já estávamos quase criando raiz, o enfermeiro chega com um amiguinho, talvez, pela intimidade com que se tratavam. Mostramos nossos papeis e ele: so vou liberar um paciente aqui (na sala) e já atendo vocês. Mais um tempo. Nesse momento o balcão já estava lotado novamente. E o enfermeiro foi simplesmente atender as pessoas que estavam no maldito balcão. Uma. Duas. Três pessoas. Quando perdi as estribeiras e reclamei.

Disse que não estava mais aguentando. Que sentia muitas dores e não era justo que ele deixasse de atender as pessoas que já estavam ali a mais tempo esperando justamente por ele, para atender as que tinham acabado de chegar. Ficou uma fera. E ai começou a discussão: não aceitava que ninguém ditasse o que deveria fazer ou não. Que o meu caso a medica tinha mandado para o posto de saúde, pra eu ser atendida somente com uns dois dias mais ou menos, isso se conseguisse marcar uma consulta mais rápida, se não, só pra próxima semana.

Pedi minha ficha, ele segurou e eu quase rasgo. Voltei lá com a médica. Questionei o que o enfermeiro tinha me falado, muito nervosa, não vou negar. E ela, a senhora bem brigou com ele não foi? Briguei sim, respondi. Pediu-me a tal ficha pra passar um remédio pra tirar a maldita dor no peito que me dilacerava. Voltei com o enfermeiro e ele, se negando a me fornecer tal ficha me ameaçou e ainda disse que ia pra direção. Eu naquele momento queria ir pra qualquer lugar que me fizesse não sentir aquela dor e a agonia de ter algo estranho no meu peito que cortava e sangrava. Mas o que veio mesmo foram três policiais, um dentro do consultório, outro na porta e outro um pouco mais adiante que reforçaram a autoridade do enfermeiro e eu passei a ser a grande vilã que tinha ido ali somente maltratar um enfermeiro. 

A Dra. Luana ainda me disse que ele, o enfermeiro Josiel, era o melhor daquele hospital. Depois fiquei pensando no pior. Conclusão: voltei pra casa pior do que estava antes. Meu patrão me mandou buscar socorro particular. Fui na Sanclim, e os otorrinos só atenderiam dois depois. Fui a outro consultório Dr. Edgar, e a assistente me lembrou que se não estava com a espinha na garganta, não poderia ser atendida por um otorrino. E realmente, concordei com ela. Sentia no pulmão, sei la!!

Fui na maternidade São Camilo, e lá fui bem atendida, já por volta das 19 horas, e voltei pra casa sem dores e com a sensação de que eu tinha voltado a ser um ser humano, pois da forma como fui tratada no Pronto Socorro, sinceramente, aquilo ali, não é lugar para gente. E olha que eu já tinha precisado de atendimento dali, e todas às vezes fui bem cuidada. Em outros governos. Mas agora, o Pronto Socorro voltou a ser o centro de desespero e revolta.

Fiquei sabendo que a uns três dias atrás, um rapaz com uma criança no colo (sua filha) que tomava soro, se revoltou e foi agredido e preso pela policia. Mas tiraram o rapaz por aquela outra saída pra ninguém ver. Uns trabalhadores la perto, me disseram que a policia ainda deu uns socos nele. Como prova de que a única coisa que funciona no Pronto Socorro Municipal e a truculência da Policia Militar. Ainda bem que não mexeram comigo, mas estavam lá, intimidando!!

Uma espinha atravessada na garganta desse sistema falho, imundo, truculento, arrogante e ineficiente é o que vou ser a partir de hoje. É revoltante!! Que Venham os médicos cubanos e os enfermeiros também!!

Gerciene Belo, jornalista santarena

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