quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O PODER FINANCEIRO E POLÍTICO MAIS UMA VEZ AMEDRONTA A REGIÃO DE MONTE ALEGRE

Imagem ilustrativa

O Estado do Pará é hoje, o estado da nação com maior problema agrário e florestal do País. Conflitos por terras ocorrem quase que diariamente no Estado, sempre de um lado os latifundiários e madeireiros com suas forças políticas e financeiras, do outro os colonos, pobres, indefesos, sem recursos financeiros e sem apoio político para defenderem suas terras.

Temos visto na imprensa falada e escrita, e nos sites de noticias, relatos e historias de diversos conflitos no Estado, onde o mais conhecido e que virou um “massacre” de repercussão internacional foi o “Conflito de Eldorado do Carajás”, onde vários trabalhadores morreram em defesa do direito a terra.

Um conflito de igual proporção está a caminho na região Oeste do Pará, mais especificamente no Município de Monte Alegre, onde novamente de um lado, os colonos buscando defender o direito a terra, e do outro “políticos locais, madeireiros e autoridades estaduais” que juntas fazem parte de um esquema florestal e agrário, sempre penalizando os colonos das comunidades. A região do conflito é hoje a Serra Azul, local conhecido pelos moradores do Município com suas belezas naturais, mais que é de grande interesse dos madeireiros e políticos da região pela grande quantidade de espécies de madeira de lei de grande valor.

O Projeto de Desenvolvimento Sustentável – PDS Serra Azul, foi criado pelo Incra em meio uma corrida desesperada por terra fértil no município de Monte Alegre, chegou a ser interditado pela justiça, gerou conflitos agrários e políticos, mas a passos lentos vem sendo posto em prática de forma contraria as legislações ambientais. Atualmente a área do assentamento está dividida em duas partes, a área dos assentados no PDS ao norte e da Matona Serra Azul, ao sul do assentamento.

Em uma reportagem de 2011, o presidente da Associação fala dos mesmos problemas que ainda ocorrem hoje;

"MATONA SERRA AZUL" - Em conversa com a reportagem do jornal Tribuna da Calha Norte, o presidente da Associação dos Produtores Rurais da Matona Serra Azul, Antonio Aprígio, o ‘Naná’, diz que a associação tem buscado entendimento com o Incra para resolver a situação dos moradores da área da Matona. Naná afirma que entraram na área em 1997, antes de ser criado o assentamento, que na época o Incra teria dito que eles dessem desconto de 17 km da entrada da Serra Azul e demarcassem seus lotes, o que foi feito, sendo exatamente após a serra Chora Mamãe, onde passaram a ocupar com lotes de 50, 100 e até 300 hectares. Em meados de 2004, aconteceu a corrida pela terra na área e criaram o assentamento, que contraria a opinião dos ocupantes da Matona, que não aceitam serem assentados pelo Incra, querem a terra como posse e que cada morador tenha seu próprio lote demarcado, seguindo a legislação ambiental individual. 

Aprígio afirma que os moradores da Matona estão unidos, querem que o Incra retire a área do assentamento 52 mil hectares para os agricultores da área da Matona, e legalize a terra de forma individual como posse. Disse que a associação tem se empenhado com o Incra de Santarém para que seja solucionado o problema, mas que se não for feito nada, a associação está disposta a recorrer em Belém e até em Brasília pra garantir o direito a terra dos trabalhadores da Matora Serra Azul.”

Tribuna da Calha Norte 10-11-2011

No inicio do mês a Associação dos Produtores Rurais Matona Serra Azul, decidiu fazer um movimento para chamar a atenção das autoridades sobre o problema que já se arrasta desde 1997, e ate agora não teve uma solução eficaz. O movimento interditou dias atrás uma parte da estrada impedindo a passagem de caminhões madeireiros, o que esta gerando a revolta dos empresários que trabalham nesse ramo, onde os mesmos pediram apoio a uma Deputada Estadual (Josefina-PMDB) cobrando uma ação, que segundo informações concretas,a deputada recebeu um montante em dinheiro para dar o referido apoio e tirar os colonos do caminho das empresas madeireiras.

Os colonos pediram ajuda a Brasília para resolver o caso, através do Sr. Paulo Maldos, Secretario de Articulação Política da Presidência da Republica que se prontificou a ajudar os colonos para que não ocorresse um conflito direto com os madeireiros e a policia .

As autoridades locais estão juntas para derrubar o movimento segundo os colonos, pois existem interesses obscuros entre as autoridades do município e os madeireiros. Interesses esses que envolvem órgãos públicos Federais, como IBAMA e o INCRA, e órgãos Estaduais como a SEMA, e ate a Policia, que deveria proteger a população usando como ferramenta as leis do país, mas usa a força e o autoritarismo para amedrontar os colonos, que estão apenas buscando sentar em uma mesa de negociação e resolver essa situação que se arrasta desde 1997.

O sociólogo Paulo Oliveira amigo dos colonos e que esta dando apoio a Associação dos Produtores Rurais Matona Serra Azul, esta sofrendo represálias da policia local, onde pela parte da manhã nas primeiras horas do dia o mesmo acordou com o Delegado da Policia Civil da Cidade de Monte Alegre a sua porta com uma intimação, para que ele comparecesse a delegacia da cidade para responder aos crimes que o mesmo esta cometendo no município.

Agora fica a pergunta;

Qual crime? Lutar pelos seus direitos hoje no Brasil e crime? Reivindicar e pedir as autoridades, respeito e dignidade como cidadão, e crime?

O Presidente da Associação dos Produtores Rurais Matona Serra Azul, Sr.Antonio Aprigio dos Reis Neves, vem sofrendo constates ameaças de morte, através de ligações em seu celular. Essa pratica era comum no século passado em nossa região, onde os chamados “pistoleiros” decidiam quem ia viver ou morrer, sempre a mando dos poderosos que na época trabalhavam com ouro ou com negócios ilícitos.

Faço um apelo às instituições que ainda são sérias neste país, a OAB e ao Ministério Publico, que não deixem o autoritarismo, o medo, a ameaça, a concentração do poder de grupos políticos e financeiros que buscam somente seu enriquecimento, sempre com apoio de instituições públicas corrompidas pelo dinheiro, ganharem essa batalha em cima de um povo sofrido que só pensa em ter seu direito a terra.

E preciso uma ação mais eficaz do IBAMA na exploração dessa madeira através de fiscalizações constantes, pois a informação e que esta ocorrendo exploração ilegal no local.

Vamos ter ação e não omissão. E que o pesadelo de Eldorado do Carajás não volte a ocorrer em nossa região.

Assinado: Morador de Monte Alegre (indignado com o que esta ocorrendo em minha cidade).

Nenhum comentário:

Postar um comentário