Vereador Chiquinho da Umes abusa do celular nas sessões da Câmara Municipal de Santarém
Uma lei municipal proíbe o uso do celular dentro da sala de aula. Mas, os vereadores que propõem e aprovam leis como esta usam o instrumento tecnológico livremente durante as sessões na Câmara Municipal de Santarém.
A situação é comum na casa legislativa. Os celulares ficam espalhados na mesa, mas não ficam o tempo todo parados. Um vereador atende, outro faz ligação. Alguns parecem estar conectados as redes sociais. De tão conectados, alguns parecem nem saber o assunto em debate.
Não há exigência do regimento interno da Câmara que proíba o uso dos aparelhos no plenário. Mas, o que se vê na prática é que o uso do telefone pode tirar e muito atenção dos parlamentares.
A opinião dos vereadores é unânime quando se fala de uso do celular durante a sessão. Eles acreditam que não traz malefícios. Chega até a beneficiar os parlamentares, que podem receber uma ligação ou mensagem sobre problema em algum bairro e, automaticamente, colocar o tema em discussão na sessão plenária. “É um meio de comunicação que eu tenho com a população. Aqui na Câmara, eu falo com as pessoas que estão aqui. Pelas redes sociais, a gente atinge um número maior de pessoas e elas interagem conosco. Não chega a atrapalhar porque você está atento à população. Você vai observar o que tem ali, dar o feedback [retorno/resposta] para o seu leitor, mas está acompanhando o que os demais vereadores estão falando”, acredita o vereador Dayan Serique (PPS).
“Se estiver em discussão, realmente vai atrapalhar. Mas, se estiver utilizando o celular para ser orientado pela sua assessoria, não”, alega o vereador Silvio Amorim (PRTB).
O vereador Luiz Alberto Cruz (PP) mostrou a nossa reportagem a mensagem que recebeu durante a sessão e garantiu que colocou o assunto proposto em debate. “Eu utilizei hoje, na sessão, para avisar o pessoal da comissão de educação, que faltou à reunião. Eu repassei a eles, como presidente da comissão de educação”, afirma.
“Não chega a atrapalhar. Até porque a gente está se munindo de informações para melhorar nossos trabalhos aqui”, afirma o vereador Ronan Liberal Jr (PMDB).
Até o presidente da casa aproveita enquanto outro vereador se pronuncia para dar uma olhadinha no celular. Mas, ele também defende que o uso do telefone não atrapalha o raciocínio dos parlamentares. “No momento da sessão, no momento de uma pausa de uma sessão, no momento em que não há discussão de matéria, o vereador tem o livre arbítrio de atender ou não o celular”, garante Henderson Pinto (DEM).
A vereadora Marcela Tolentino (PDT), que também usou o celular na sessão de hoje, explica que nos dias atuais, ninguém mais vive sem celular. “Vou defender o caso das mulheres: elas tem sim de observar que não vai prejudicar a sessão e atender. Se não, ela continua deixando a pessoa que vai querer falar ligar novamente. Temos essa sensibilidade até mais que os homens. Temos a sensibilidade de atender o celular e ficar prestando atenção [na sessão]”, afirma.
Se o uso do celular atrapalha ou não as discussões é uma dúvida a ser tirada na prática. Mas, o que os vereadores acham da proposta de uma lei que proíba o uso do celular durante as sessões, assim como a que foi aprovada nas escolas?
“Eu estar no telefone e você estar falando, não quer dizer que eu não esteja prestando atenção. Cada um tem uma forma de concentração. Se eu ficar parado, olhando para você, talvez o pensamento não esteja ligado a você, e sim em outra coisa”, afirma Geovane Aguiar (PSC).
“A Câmara não é como se fosse uma sala de aula. Existe o momento em que um vereador tem que estar atento, mas é de responsabilidade de cada um que esteja atento às discussões”, declarou o presidente da Câmara, Henderson Pinto (DEM).
Existem algumas Câmaras que já aprovaram em seus regimentos a proibição do uso do celular durante as sessões, como é o caso da Câmara de Vereadores de Fazenda Vilanova, no Rio Grande do Sul. Lá, os assessores são orientados a atender as ligações e repassar as situações urgentes aos parlamentares.
Notapajós
Nenhum comentário:
Postar um comentário