terça-feira, 8 de janeiro de 2019

MAESTRO AGOSTINHO FONSECA SE DEFENDE DE ACUSAÇÕES FEITAS POR MÚSICOS DA BANDA SINFÔNICA MAESTRO WILSON FONSECA. "EU NÃO DEVO NADA. NÃO COMETI CRIME NENHUM. SOU DA QUINTA GERAÇÃO DA FAMÍLIA FONSECA. DE MANEIRA NENHUMA EU IA SUJAR O NOME DO MEU PAI". DISSE O MAESTRO

Maestro Agostinho Fonseca se defendeu das acusações. “Eu não devo nada. Não cometi crime nenhum. Sou da quinta geração da Família Fonseca. De maneira nenhuma eu sujar o nome do meu pai”.

Parece uma novela sem fim o caso que envolve o Instituto Maestro Wilson Fonseca (IMWF) e alguns de seus dirigentes, sobretudo no que se refere às investigações da Operação Perfuga, deflagrada pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPE), no dia 25 de outubro do ano passado, e a suspensão do pagamento das bolsas de incentivo cultural aos integrantes da Banda Sinfônica. Esta semana, o blog do JK foi acionado pelos atuais coordenadores e alguns músicos da escola, que se queixam das dificuldades que estão passando desde que o repasse de um salário mínimo foi suspenso, logo que as investigações do MPE começaram. Na ocasião, eles relataram que alguns deles inclusive estavam passando apertos financeiros, pois esse valor ajudava no custeio pessoal dos alunos. Ontem, o secretário municipal de Cultura de Santarém, Luiz Alberto Pixica também por meio do blog do JK se manifestou e esclareceu alguns questionamentos levantados pelos atuais coordenadores da Banda. Pixica garantiu que o empenho para o pagamento em atraso já foi feito e que ainda este mês, a bolsa seja repassada aos beneficiários.

Nesta terça-feira (8), o maestro Agostinho Fonseca, o Tinho, foi procurado pelo blog para se defender de algumas acusações que estão repercutindo nas redes sociais. Primando pela responsabilidade com a informação e mantendo o dever da imparcialidade, o blog do JK foi ouvir as explicações do ex-diretor do IMWF. 

Foi afastado devido a operação Perfuga.

Inicialmente, o ex-maestro falou um pouco da história do Instituto Maestro Wilson Fonseca, que começou como escola Maestro Wilson Fonseca, em agosto de 1993, quando por meio da Fundação Carlos Gomes, de Belém, conseguiu apoio para iniciar o trabalho em Santarém. Naquela ocasião, as aulas eram com apenas um curso de musicalização infantil com a participação de 345 alunos. Desde então, foram superadas metas a cada mês e logo foi implantado o curso de flauta doce, seguindo com a formação de uma banda. Em 21 de junho de 1995, foi lançada a Banda Maestro Wilson Fonseca. Segundo ele, 34 membros dos que estudavam instrumento de sopro e percussão foram selecionados para fazerem parte dessa banda. É apenas uma das atividades do curso de sopro e percussão. "Nós tínhamos atividades de formação, teoria, estudos individuais, técnicas de instrumentos e prática de conjunto. A prática de conjunto é uma atividade na qual formamos uma banda para desenvolver o trabalho. A Banda Maestro Wilson Fonseca não é uma instituição à parte no IMWF, assim como a recente Orquestra Sinfônica não é uma instituição à parte. Elas compõem a prática do conjunto dos cursos do instituto, assim como também as danças, teatro, etc. No desenvolvimento desse trabalho, a Banda começou a ser bastante requisitada em Santarém, ao ponto de chegar até mais de cem apresentações por ano. Naquela ocasião, eu procurei o então prefeito Lira Maia e solicitei uma ajuda de custo em forma de bolso de estudo, não era salário. Não cobrávamos nada pelas apresentações, pois fazíamos sem fins lucrativos. Todos os produtos do IMWF são assim. O prefeito atendeu ao nosso pedido e criou o benefício para o custeio das atividades dos cursos do Instituto”, relembra.

Tinho Fonseca relembra ainda que muitos músicos aproveitaram para investir as bolsas de estudos na aquisição de seus próprios instrumentos, na época em que eram bolsistas membros da banda. “A lei especifica componentes da Banda e não músicos da Banda. Ora, se eu monto uma empresa, como eu montei o Instituto, a escola, fui eu que criei, é minha empresa, familiar, nós que criamos. Mais do que lógico, eu dou a estrutura nela, como ela vai funcionar. Os alunos que vão lá estudar devem seguir o programa de estudo estabelecido. Um exemplo é onde estudamos, o Colégio Dom Amando. Qual é o colégio em Santarém que utiliza o sistema de controle e disciplina por demérito? Nenhum. A não ser o Dom Amando. E por mais que reclamem, se revoltem, é um padrão do colégio. Quem estuda lá tem de ser encaixar nesse padrão. O IMWF criou uma banda muito simples, porém, o instituto sempre priorizou ampliar a cultura em Santarém, trazendo o melhor, sempre buscamos implementar a tendência mundial, que necessitava de suporte para os músicos, com divulgação, apoio no palco, estrutura dentro e fora do palco. À medida que o trabalho exigia isso, nós adotamos que a banda teria a estrutura de acordo com a sua estrutura mais ampla, com pessoas auxiliando os músicos. Tinha alguém sempre trabalhando antes das apresentações e depois também. Uma das afirmações que fizeram de que tinham nove pessoas que nunca tocaram na banda e que recebiam bolsas. Eu conheço apenas seis. Que nunca tocaram na banda e que foram colocadas como apoio técnico. Porém, é a estrutura que nós, como proprietários da empresa, definimos como gestão da escola. Aí, o aluno chega lá na condição de prática de banda e diz que não é assim. Como? Imagina eu chegando no Dom Amando e dizer que não é assim, não pode ter demérito. A empresa foi estruturada desta forma".

Na ocasião, disse que quando viu que estava tudo estruturado decidiram trazer o curso de cordas por meio da Fundação Carlos Gomes, em 2014. "Nesse momento, demos atenção ao curso de cordas e deixamos uma pessoa responsável para a banda. O curso corda foi crescendo e recebeu classificação de excelência. Nós investimos bastante na cultura de Santarém quando decidimos ampliar e estruturar o Instituto”. 

Tinho Fonseca esclareceu a denúncia de que cobrava parte do benefício recebido pelos bolsistas. "Se eles recebiam da Prefeitura, a devolução deveria ser para a Prefeitura. O dinheiro era depositado na conta do componente da banda. O IMWF por não ter fins lucrativos recebia doações e isso nunca foi escondido de ninguém. Sempre falávamos abertamente sobre essa condição. Ninguém era obrigado a doar. Não existia retaliação como falavam. Até eu ser afastado, eram 44 músicos e só 20 colaboravam. Olhem nas listas anteriores que vão ver os seus nomes lá. Não eram todos que colaboravam. 24 nunca colaboraram e continuavam na banda".

Num tom de decepção com os fatos distorcidos por alguns membros da Banda, Tinho Fonseca diz que se sente triste pelo fato de muitas coisas serem lançadas de forma irresponsável, no sentido de tentar denegrir a sua imagem. Tinho ressalta que quando o IMWF começou tinha apenas dois funcionários, quando foi afastado tinha 37 funcionários e todos recebendo. “Nós tínhamos 52 cursos quando fui afastado, hoje o instituto está sucateado. Acabou o curso de teatro, de cordas. A ideia deles era fazer apenas cursos que alimentem a banda. O que nós construímos em 23 anos, está se perdendo em apenas alguns meses. Uma perda para a cultura santarena”, diz indignado.

Sobre o dinheiro que era recebido pelo Instituto, Tinho explicou havia que existe a Associação Artístico Cultural Maestro Wilson Fonseca, que é a mantenedora da instituição. “Eu não pegava em dinheiro. O dinheiro era investido em pagamento de funcionários e outros serviços e despesas, que mantinham o instituto”, disse. 

Questionado sobre a operação Perfuga recaiu contra o IMWF, ele diz que ainda busca respostas para entender onde houve desvio de recursos públicos pelos dirigentes do Instituto. “Eu não devo nada. Não cometi crime nenhum. Sou da quinta geração da Família Fonseca. De maneira nenhuma eu cometi algum crime”, finalizou.

JK

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